QUEM PATROCINA O DISCURSO DE ÓDIO NA TELEVISÃO: UMA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA BOLSONARISTA NA EMISSORA REDETV

  • Autor
  • Beatriz Amat
  • Co-autores
  • Jardel Sousa , Filipe Barbosa , Luana Santos
  • Resumo
  • Os meios de comunicação são um instrumento de domínio quase absoluto no imperialismo do século XXI (BORON, 2007, p. 511). No Brasil, o estudo sobre o que é veiculado tem sido acompanhado do questionamento sobre quem controla os meios atuais. E a resposta, surpreendentemente ou não, “flerta” com a questão política. Com isto dito, o canal RedeTV, dos empresários Amilcare Dallevo Júnior e Marcelo de Carvalho, é fortemente patrocinado pela empresa brasileira Havan, do bilionário Luciano Hang. Assumidamente bolsonarista, o empresário monetiza programas da grade da emissora, como o policialesco Alerta Nacional, do apresentador Sikêra Júnior, que, além de afirmar receber 60 mil reais por mês dos patrocinadores do programa, também já admitiu ter recebido, durante a CPI da Covid, 120 mil reais por campanhas publicitárias do governo Bolsonaro. Dessa forma, o artigo então analisa, através principalmente do monitoramento do programa do Sikêra, as influências desse patrocínio, que vão ao encontro com os ideais do presidente, como os discursos neoliberais sobre minorias e grupos marginalizados — também, neste caso, conhecido como discurso de ódio (ALEMÁN, 2022), que é veiculado na grade aberta nacional.

    Assim, para a metodologia, foram analisadas as falas do apresentador no programa em dias “corriqueiros”, além das entrevistas do presidente ao Alerta Nacional , feitas em 2020, 2021 e 2022. Para isso, a processualidade contou também com monitoramento das redes sociais dos donos da emissora e matérias divulgadas pelos jornais da RedeTV, para investigar se e como o discurso de ódio é aludido e reforçado pelo grupo. Desse modo, a pesquisa utilizou livros e artigos acadêmicos sobre imperialismo, mídia, política e retórica do ódio e documentos jornalísticos e eletrônicos, como entrevistas, reportagens e declarações em redes sociais, para interpretar as informações coletadas. 

    Um exemplo do caso ocorreu na transmissão de 30 de maio deste ano, mesmo dia que o presidente, conhecido pelo jargão “bandido bom é bandido morto”, foi entrevistado pelo apresentador famoso pela fala “CPF Cancelado”. Neste, Sikêra realizou uma “brincadeira”, em que, a cada “marginal” que morresse, ele colocaria um boneco de brinquedo dentro de um pote e, no final da semana, os contaria para ver e celebrar quantos morreram. 

    Ademais, através da observação do portal online Eleições 2022, do grupo televisivo, foi monitorado que, desde 15 de agosto deste ano, data que marcou o início do período eleitoral, mais de 15 postagens divulgaram pesquisas de intenção de voto. As reportagens, no entanto, se restringiram a utilizar institutos estatísticos (6Sigma, Brasmarket e Paraná Pesquisas) que afirmavam que Bolsonaro estaria na frente dos demais concorrentes na eleição para presidência nas intenções de voto, e não citava pesquisas que registravam-no atrás, como as da DataFolha, BTG/FSB e Ipespe.

    Assim, a pesquisa se apoiou em estudos prévios sobre a relação entre mídia e política, e entre Alerta Nacional e Bolsonaro, e ampliou-se no campo da publicidade para analisar os mecanismos que são utilizados pela RedeTV para legitimar os ideais do patrocinador e entender como o discurso de ódio sai das telas, reflete aos telespectadores e ecoa na sociedade.

  • Palavras-chave
  • Discurso de ódio, Meios de comunicação, Televisão, Eleição, Redetv
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