REPRESENTATIVIDADE CAPITALIZADA: AS NOVAS CONFIGURAÇÕES DO RACISMO ESTRUTURAL

  • Autor
  • Tamiris Da Anunciação Santos
  • Resumo
  • A partir dos estudos da Economia Política da Comunicação no Brasil (EPC), sobretudo, do trabalho desenvolvido pelo autor César Bolaño em Indústria Cultural, Informação e Capitalismo (2000), que tem como base o próprio Marxismo, sabe-se que a comunicação é uma forma social do capital. Sendo assim, a comunicação desempenha funções pré-determinadas dentro do sistema, caracterizadas por Bolaño como publicidade, propaganda e função programa, chegando à avaliação das dinâmicas da comunicação no sistema de mediação social. 

    Mais exatamente, a indústria cultural é compreendida como a instância de mediação entre capitais individuais e Estado, de um lado, com o público, de outro, reduzindo-o à abstração da audiência, que será vendida como mercadoria por meio da oferta de produtos comunicacionais capazes de substituir adequadamente as necessidades simbólicas das massas. É neste ponto que encontramos contradições significativas e características de um sistema capitalista estruturalmente racista, uma vez que a representação de negras e negros, foi contínuamente pautada por uma inferiorização, marginalização e formação de um imaginário social esteriotipado. Mas, contudo,  processos históricos recentes e de conquistas de direitos dos movimentos de negras e negros, deram início a uma verdadeira revolução estética, aumentando a presença da comunidade negra na mídia e em produtos culturais. 

    O debate aqui apresentado, é de que a mudança na representação negra na mídia, o que chamamos de representatividade capitalizada, configura também uma alteração no eixo de concretização da função programa, visando um novo método de satisfação de necessidades simbólicas das pessoas negras cumprindo o objetivo original de geração de audiência, logo, de capital, mas também, em certo sentido, se apresentando como uma nova configuração do racismo estrutural, onde os movimentos dentro da estrutura capitalista seguem sendo mediados pela forma comunicação. 

    O cerne da questão que pensar a representatividade capitalizada impõe é a incorporação de uma luta de resistência política pelo capital e até que ponto, a representatividade, quando capitalizada, resulta em avanços políticos dentro de uma Indústria que foi estruturalmente projetada para ser racista. Em certo sentido, o que a Indústria Cultural faz em relação à representatividade negra e ao capital é apagar simbolicamente a barreira do racismo de maneira similar ao papel que a democracia racial cumpriu no processo pós independência do Brasil

    Para atender as necessidades do trabalho, foi utilizado o método de Pesquisa Bibliográfica, construindo um suporte teórico para as questões que nos propomos responder e analisar. Este estudo se justifica pela análise da relevância de funções exercidas pela Comunicação para o funcionamento do sistema capitalista e pela importância do debate racial para o desenvolvimento e progresso da sociedade em todos os aspectos.

    Ao inserir um recorte racial na ideia de função programa e da dinâmica das funções da forma comunicação previsto no trabalho de Bolaño (2000), chegamos a uma nova abordagem para a comunicação e para o debate racial. Ao compreender a representatividade capitalizada como um mecanismo de acumulação do capital chegamos a um aspecto teórico urgente: Enquanto a forma for capitalista, a população negra estará limitada ao próprio capital que a oprime. 

     

  • Palavras-chave
  • Função Programa, Racismo Estrutural, Economia Política da Comunicação
  • Área Temática
  • GT 8 – Estudos Críticos sobre identidade, gênero e raça
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