Os efeitos das estradas em grupos de animais silvestres, como Chiroptera, ainda são pouco conhecidos. A colisão dos morcegos, geralmente acontece na parte superior dos veículos. Isso acaba arremessando para longe as vítimas, dificultando a sua detecção e contabilização e as carcaças desses animais são rápida e facilmente removidas por outros animais carniceiros. Com isso, é difícil encontrar morcegos durante o monitoramento de estradas, buscamos contornar essa dificuldade aumentando o esforço amostral. O presente estudo teve como objetivos: identificar as espécies de morcegos atropelados em três trechos de estradas localizadas no Rio Grande do Norte e relacionar o hábito alimentar das espécies identificadas com a causa de uso das estradas. Para tal, foram elaboradas as seguintes previsões: (I) As espécies de morcegos que voam em altitudes mais baixas são mortas com mais frequência do que espécies que voam em altitudes mais altas; (II) O atropelamento de morcegos pode ser explicado, em parte, devido ao seu hábito alimentar. De 2014 a 2019 foram encontrados seis vítimas de acidentes rodoviários, sendo três da espécie Artibeus planirostris (Morcego-de-Cara-Lisa-Comedor-de-Fruta), duas delas proveniente de estradas circundantes à Floresta Nacional (FLONA) de Assú e uma de estradas circundantes ao Parque Nacional de Furna Feia, um Myotis lavali (LaVal's Myotis) proveniente de estradas circundantes à Estação Ecológica do Seridó, um Pteronotus gymnonotus (Morcego-de-Costas-Nuas) e um Glossophaga soricina (Morcego-de-Língua-Comprida-de-Pallas) proveniente de estradas circundantes à FLONA de Assú. O Morcego-de-Cara-Lisa-Comedor-de-Fruta – é uma espécie frugívora, conhecida por ser uma boa dispersora de sementes, que voa em altitudes entre 650m e 1.400m. Os itens alimentares presentes na dieta desta espécie de morcego incluem frutas e insetos da ordem Coleoptera, Hymenoptera e ácaros. O LaVal's Myotis – tem hábito alimentar insetívoro e é encontrado a 523m acima do nível do mar. De acordo com a literatura as ordens de insetos encontradas em amostras fecais dessa espécie foram Coleoptera, Lepidoptera e a subordem Homoptera (Hemiptera – Arthropoda). O Morcego-de-Costas-Nuas – é uma espécie insetívora, que caça durante o voo, normalmente encontrada abaixo de 400m de altitude. Não há muitos dados sobre a dieta dessa espécie, porém de acordo com a literatura os principais itens alimentares encontrados presentes na sua deita foram o escaravelho, Coleoptera da família Scarabaeidae, Lepidoptera e Hemiptera. O Morcego-de-Língua-Comprida-de-Pallas – é considerado nectarívoro, mas pode alimentar-se também de parte de flores, frutos e insetos para complementar a sua dieta, o seu voo chega perto dos 2.150m de altitude. Os espécimes frugívoros (três) foram os que mais morreram por atropelamento em estradas, seguidos dos insetívoros (dois). Nossos dados sugerem que a altitude do voo não está relacionada ao índice de mortalidade por atropelamento, pois a espécie mais encontrada como vítima de acidentes rodoviários foi o Morcego-de-Cara-Lisa-Comedor-de-Fruta, que dentre as outras espécies aqui relatadas não é a que possui o voo mais baixo. Os resultados obtidos sugerem que a guilda trófica alimentar seria mais importante para predizer a mortalidade desta ordem por atropelamentos em estradas, devido os espécimes frugívoros serem os mais abundantes.
Comissão Organizadora
Thaiseany de Freitas Rêgo
RUI SALES JUNIOR
Comissão Científica
RICARDO HENRIQUE DE LIMA LEITE
LUCIANA ANGELICA DA SILVA NUNES
FRANCISCO MARLON CARNEIRO FEIJO
Osvaldo Nogueira de Sousa Neto
Patrício de Alencar Silva
Reginaldo Gomes Nobre
Tania Luna Laura
Tamms Maria da Conceição Morais Campos
Trícia Caroline da Silva Santana Ramalho
Kátia Peres Gramacho
Daniela Faria Florencio
Rafael Oliveira Batista
walter martins rodrigues
Aline Lidiane Batista de Amorim
Lidianne Leal Rocha
Thaiseany de Freitas Rêgo
Ana Maria Bezerra Lucas