Ocupação de fábricas na América Latina como forma de resistência e luta anticapitalista contemporânea

  • Autor
  • Adriele Jairla de Morais Luciano
  • Co-autores
  • Ana Maria Bezerra Lucas
  • Resumo
  • A pesquisa faz parte do projeto Marxismo e América Latina: lutas políticas e novos processos constituintes e tem como objetivo identificar as potencialidades da mobilização e organização da classe trabalhadora na ocupação de fábricas como forma de resistência e luta anticapital contemporânea a partir da observação dos desdobramentos da dialética capital-trabalho no Brasil, Argentina e Bolívia. A observação parte da análise do contexto político-econômico-social, nos países estudados, buscando compreender em que medida a ocupação de fábricas é instrumento de luta no enfrentamento ao sistema de produção capitalista. A investigação utiliza, para a abordagem, o método materialista histórico-dialético tendo como referência as categorias marxianas: totalidade, historicidade e dialética. Como procedimentos metodológicos fez-se uso da pesquisa bibliográfica - de caráter exploratório - em fontes secundárias - para a compreensão dos conceitos de socio metabolismo do capital e recuperação de empresas – e da análise de fontes primárias - material documental  - encontrados nos principais sites jornalísticos – Bolívia -, dos  relatórios do Programa Facultad Abierta – Argentina -,  e das Cartas Magnas dos países estudados. A interpretação dos dados foi centrada na análise do metabolismo social do capital e das consequências de sua lógica destrutiva. Como forma de ilustrar a análise partimos da observação de algumas experiências de empresas recuperadas na América Latina, verificando os ditames jurídicos sobre o fenômeno e as suas singularidades de acordo com a realidade política de cada país. Chegou-se à conclusão de que as novas formas do capital se realocar diante da crise econômica, intensificadas a partir de 1990, trouxeram como consequências um intenso processo de desestruturação do trabalho e que as medidas de ajuste econômico, na América Latina, provocaram crises no interior de diversas empresas que foram fechadas ou absorvidas por empresas multinacionais. O constante cenário de incertezas, as depressões econômicas, desestabilizam a sociedade e levou os trabalhadores a ocuparem as fabricas na tentativa de recuperar a sua produção. Não é possível afirmar que a realidade que perpassa o fenômeno das empresas recuperadas venha a ser um enfrentamento ao capital, pois existe uma parcela significativa da classe trabalhadora que sequer têm o saber do enredamento de seu socio metabolismo e de como se chegaria a um fim. Essa afirmação, porém, não exclui o fato de que essa luta se configura como resistência, perante as forças capitais globais sob a batuta financeira.  Também foi possível identificar fábricas nas quais o discurso contra o capital é mais nítido, como na Flaskô, empresa brasileira. Entretanto, é inegável, que em inúmeras outras fábricas aconteceram somente a retomada das atividades produtivas para a sobrevivência do operariado. A contribuição da pesquisa foi demonstrar que as lutas dos trabalhadores devem ser sobre a construção de outras formas de produção e não sobre a sobrevivência e subserviência das classes oprimidas aos desejos do capital.

  • Palavras-chave
  • Ocupação, Trabalhadores, Capital, América Latina.
  • Área Temática
  • Ciências Sociais Aplicadas
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