Incursões intersemióticas entre Assis e Klotzel: o rompimento das lápides metaficcionais

  • Autor
  • Antonio Bezerra de Mesquita
  • Co-autores
  • Cícera Antoniele Cajazeiras da Silva
  • Resumo
  •  

    A adaptação fílmica é o ponto nevrálgico da inconteste relação existente entre literatura e cinema – sistemas semióticos distintos embora coadunantes. Dessarte, propusemos uma investigação acerca do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis. Aliada a esse estudo primeiro, realizamos uma análise comparativa quanto à sua respectiva adaptação, intitulada Memórias Póstumas (2001) e dirigida por André Klotzel. No que se refere ao romance machadiano, ressaltam-se os aspectos de proposição a um pensamento crítico acerca de sua construção como texto literário, enquadrando-o como romance metaficcional. Inúmeras questões ínsitas à materialidade textual, como a autodenominação inicial de defunto autor e subversões na tessitura linguística da obra, reivindicam propositalmente a esta o seu caráter ficcional e quebram sua verossimilhança. Por essas características, torna-se necessário vislumbrar esse texto sob a óptica dos estudos metaficcionais. Esse é o propósito inicial que subjaz este trabalho, demonstrando o não-esgotamento das possibilidades de discussão teórica da referida obra. A categorização do romance como esteio para o fenômeno da metaficção não contradiz (ressalta-se) seu mérito de obra introdutória à estética realista em nosso meio autóctone. Com relação ao filme, percebe-se uma postura de incorporação ao posicionamento subversivo presente em seu texto de origem. Buscou-se estratégias condizentes ao meio cinematográfico em prol de uma compleição autorreflexiva em seu produto concluído. Destacam-se como mecanismos utilizados para essa conduta a duplicação da personagem principal na narrativa fílmica. Brás Cubas é representado, primeiramente, como o narrador de suas memórias e, subsequentemente, como personagem destas. O narrador Brás Cubas interfere no plano em que a sua história é representada e interage com os outros agentes de seu passado. Essa estratégia de aproximação com o texto literário rompe com convenção cinematográfica de uma narrativa que se conta sob uma aparente autonomia à medida que o narrador impõe sua dramatização à tela. O entendimento de como ocorrera a transposição da narrativa machadiana ao cinema e a tentativa de aproximação de seu caráter metanarrativo ao sistema semiótico audiovisual completam a motivação de nossa pesquisa. Para o embasamento teórico de nossa pesquisa, destacam-se Hutcheon (1984) e Bernardo (2010), ambos tecendo considerações sobre a essência da metaficção e sobre a ingerência desse fenômeno na construção e leitura das narrativas literárias. Para a análise do filme, Hutcheon (2011) esclarece os múltiplos meandros do processo de adaptação; e Stam (2008), o caráter político desse processo, mormente em contexto metaficcional. 

     

  • Palavras-chave
  • adaptação fílmica, autorreflexividade, metaficção, narrador.
  • Área Temática
  • Linguística, Letras e Artes
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