A caprinocultura exerce um papel econômico importante no Brasil, como fonte de leite e carne. Visando maior produtividade dentro do sistema intensivo, o manejo alimentar passou a ter dietas concentradas e ricas em sal mineral, facilitando a ocorrência de afecções como a urolitíase, uma patologia multifatorial que acomete principalmente os machos, predispondo às obstruções. A proposta foi revisar os principais pontos a respeito da urolitíase em caprinos, destacando a patogenia, tratamento cirúrgico e a prevenção. Foi utilizada pesquisa bibliográfica nas bases Scielo e Google Scholar, utilizando os termos "urolitíase”, “caprinos” e “ruminantes”, selecionando trabalhos de 2007 a 2020. A urolitíase relaciona-se a condições predisponentes de caráter nutricional e anatômico. O manejo nutricional inadequado, marcado pelo excesso de concentrado e pelo desequilíbrio mineral, predispõe à formação de urólitos na urina, que é uma solução supersaturada de sais que podem precipitar, formando agregados policristalinos associados a uma matriz orgânica, predispondo a formação de urólitos. Quanto às particularidades anatômicas, a flexura sigmóide, a curvatura isquiática e a uretra mais longa e de menor diâmetro, facilitam a obstrução nos machos que, quando total, resulta em ruptura uretral e/ou vesical, com altos índices de letalidade por escape de urina para a cavidade abdominal. Considerando que é a quinta causa de morte em setores de engorda ou confinamento, o manejo preventivo é essencial para evitar perdas, inclusive de carcaças com uroperitônio. Em casos onde a alimentação é complementada com grãos ou subprodutos é importante acrescentar carbonato de cálcio para corrigir a relação Ca:P, cloreto de sódio e garantir água abundante. Quando o tratamento conservativo não é efetivo, a intervenção cirúrgica faz-se necessária, sendo mais comuns a amputação do processo uretral, a cistotomia e a cistostomia. A escolha do procedimento cirúrgico aplicado ao caso depende da função zootécnica do animal, onde a amputação do processo uretral oferece uma taxa de sucesso de 50%, mas a obstrução recidiva em aproximadamente 80 a 90% dos casos e a cistotomia e cistostomia, que são a melhor opção, pois apresentam aproximadamente 80% de sucesso. A urolitíase é uma enfermidade que pode causar consequências secundárias aos animais, perdas genéticas e econômicas, sendo fundamental os ajustes nutricionais, suporte veterinário precoce e efetivo, visando sucesso clínico e bem-estar do animal.