O sucesso da fase de cria depende de fatores como tipo de leite, quantidade ofertada, frequência do aleitamento, ambiente e manejo sanitário para o desenvolvimento ponderal adequado dos animais. Em propriedades comerciais, a frequência de aleitamento dos animais durante essa fase se limita a duas vezes ao dia, devido à mão-de-obra restrita e de alto custo. Entretanto, essa restrição pode ocasionar retardo no desenvolvimento dos animais, fazendo com que os mesmos não atinjam peso suficiente para entrar em fase reprodutiva. Desta maneira, o objetivo deste trabalho foi avaliar o consumo alimentar de cabritos durante a fase de cria frente a duas frequências de aleitamento. O experimento foi conduzido na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão em Caprinocultura da Universidade Federal de Viçosa, sendo utilizados 20 cabritos inteiros das raças Saanen e Pardo Alpino. Ao décimo primeiro dia de idade, os animais foram distribuídos aleatoriamente em dois tratamentos: Grupo com oferta duas vezes ao dia (G2), sendo ofertado às 08h00min e 15h00min; e Grupo ad libitum (GAD), com oferta de leite durante o dia todo. Para a conservação do leite durante as 24 horas foi adicionado peróxido de hidrogênio (H2O2). O consumo de leite foi calculado de acordo com a equação: (Consumo na matéria natural = Leite ofertado – Sobras de leite). Foi ofertado leite de vaca com a seguinte composição: proteína: 3,23 g/100 g, gordura: 3,15 g/100 g, sólidos totais: 11,91 g/100 g e lactose: 4,90 g/100 g. O consumo foi avaliado até o desaleitamento que ocorreu aos 80 dias de idade. Os animais foram pesados semanalmente para o cálculo do ganho médio diário (GMD). Os dados de consumo foram submetidos aos testes de Shapiro-Wilk e Bartlett, e posteriormente submetido à ANOVA e em seguida o teste Tukey de comparação de múltiplas médias a 5% de significância para um delineamento inteiramente casualizado usando o General Linear Models (GLM) do programa computacional R. O consumo alimentar de leite foi maior no GAD (2,206 kg) em comparação ao G2 (1,904 kg) (p<0,001, CV = 44,18%). Não foi observado diferença entre o G2 (151,5 g/d) em relação ao GAD (146,3 g/d) para o GMD (p=0,69, CV= 19,54%). A disponibilidade de leite de vaca à vontade para cabritos durante a fase de cria aumenta o consumo alimentar em relação ao fornecimento tradicional de duas vezes ao dia, mas não altera o ganho médio diário de peso.