A caprinocultura apresenta importância socioeconômica e cultural no Nordeste brasileiro, sobretudo para pequenos produtores, tanto pela adaptabilidade desses animais à região quanto pela geração de renda. Portanto, objetivou-se caracterizar o manejo alimentar de caprinos criados no semiárido de uma microrregião do Oeste baiano. O estudo foi realizado no período de janeiro a julho de 2021, no município de Barra, Oeste da Bahia. Em visitas às propriedades rurais foram levantados dados sobre as espécies forrageiras, conservação de forragens, suplementação e o manejo alimentar adotado. Foram registradas 32 propriedades rurais criadoras de caprinos, tendo um rebanho variando de 10 a 100 cabeças. Observou-se que as forrageiras mais utilizadas no manejo alimentar de caprinos são: capim-elefante (Pennisetum purpureum), capim-andropogon (Andropogon gayanus) e palma forrageira (Opuntia ficus-indica e Nopalea cochenillifera). Como principais ingredientes concentrados verificou-se a utilização do milho (moído, sabugo e a palha), da mandioca e subprodutos, tais como a casca de manga e caroços de buriti. Verificou-se que a 99,0% dos caprinocultores não realizam a conservação de forragens, sendo a ensilagem o método mais adotado em relação à fenação. O sistema de criação predominantemente adotado é o extensivo, no qual os animais são soltos na Caatinga pela manhã e recolhidos no final da tarde em currais ou abrigos. O pasto disponível aos animais baseia-se em espécies nativas da Caatinga e naturalizadas, tais como a maniçoba (Manihot pseudoglaziovii), jurema preta (Mimosa tenuiflora), marmeleiro-do-mato (Croton sonderianus), cambuím (Myrciaria cuspidata), murici (Byrsonima crassifolia), canela de velho (Miconia albicans), calunga (Simaba ferruginea), sapucaia (Lecythis pisonis), sabiú (Parkia platycephala), rama de bezerro (Pityrocarpa moniliformis), favela (Cnidoscolus phyllacanthus) e caju (Anacardium occidentale). Com relação à suplementação, observou-se a utilização de sal comum (NaCl) ao invés do sal mineral completo, e a ausência de fornecimento de dietas balanceadas. Nas propriedades estudadas, a água do bebedouro dos animais originava-se de poços artesianos nas zonas rurais e água dos Rios São Francisco e Rio Grande na sede do município. Conclui-se que, o manejo alimentar de caprinos no semiárido de uma microrregião do Oeste baiano é baseado no pasto nativo da Caatinga, na ausência de manejo nutricional e planejamento forrageiro para o período de seca.