O estudo do comportamento da espécie animal, traz consigo vantagens como a conservação dos recursos genéticos, conhecimento do hábitat, contribui para melhoras no manejo e identificação das diferenças individuais que podem influenciar nas respostas produtivas e de adaptação, principalmente em regiões de clima quente. Objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo de cabras Saanen nos diferentes turnos do sistema de criação semi-intensivo na região semiárida nordestina. O experimento ocorreu nos meses de julho a setembro no Setor de Caprinos da Fazenda Experimental da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA Sobral, CE, Brasil. O clima da região é do tipo BSh (semiárido quente). Foram utilizadas oito cabras Saanen com idade entre dois e quatro anos, com peso vivo médio de 31,4 kg. As cabras foram alojadas em uma baia na qual continha comedouro, bebedouro e saleiro. Cada animal foi observado em tempo truncado a cada 5 minutos, resultando em doze observações por hora, 48 por dia e 288 por animal durante todos os turnos nos quatro dias não consecutivos. As variáveis comportamentais observadas foram: ingestão de alimentos, Ócio, Ruminação e outras atividades (Micção, defecação, deslocamento, ingestão de água). Os avaliadores foram treinados a fim de não interferir na natureza das ações dos animais. Foram registradas também as temperaturas do globo negro (TGN °C), bulbo seco (TBS, °C) e bulbo úmido (TBU, °C) a cada 30 minutos, usando termômetros a 70 cm de altura do piso da baia ao centro da massa dos animais. Para a VV (velocidade dos ventos) utilizou-se dados da FUNCEME (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos). As variáveis ambientais e as respostas comportamentais foram submetidas à ANOVA e as médias foram comparadas pelos testes de Tukey (p<0,05; Distribuição normal) e Kruskalwallis (p<0,05; Distribuição não normal). A ingestão de alimentos foi mais elevada no turno manhã quando comparados aos turnos tarde e noite. O processo de ruminação foi maior à noite. O comportamento de ócio foi mais elevado à tarde e noite e menor pela manhã. Já as outras atividades foram inversas ao ócio, com a maior frequência pela manhã e menor à tarde e noite. Conclui-se que em temperaturas baixas, os animais consumiram mais alimentos seguidos de outras atividades como micção, defecação, deslocamento e ingestão de água. Quanto ao processo da ruminação a maior proporção de tempo ocorreu à noite em ambiente frio por se sentiram mais confortáveis.