Parentéticos epistêmicos marcam, nas interações sociocomunicativas, o grau de conhecimento, crença, (in)certeza ou (des)comprometimento do falante/escritor em relação ao que é dito para o interlocutor(ouvinte/leitor) (Galvão, 1999; Fitneva, 2001; Fortilli, 2015; Carvalho, 2017 etc.). Quando apresentam base verbal, tais parentéticos podem ser expressos por verbos cognitivos como achar, crer, imaginar, supor, pensar, julgar, calcular, deduzir etc. no contexto morfossintático de presente do indicativo e primeira pessoa do singular. Neste trabalho, pretendemos analisar os usos de construções parentéticas epistêmicas (CPE) com os verbos achar, crer, imaginar, calcular e deduzir no português brasileiro (PB) e europeu (PE) do século XIX, instanciadas por microconstruções como (eu) acho/creio/imagino/calculo/deduzo (que) e acho/creio/imagino/calculo/deduzo eu (que). Nossa análise se concentra nesses cinco verbos pelo fato de, nas CPE, os três primeiros terem se mostrado mais produtivos e os dois últimos, menos produtivos em diferentes variedades – brasileira, europeia, angolana e moçambicana – do português dos séculos XX e XXI, conforme têm demonstrado os estudos de Carvalho e Braga (2020), Carvalho, Carneiro e Magalhães (2020) e Carvalho, Oliveira e Almeida (2022). Buscamos, então, verificar, no PB e PE do século XIX, o grau de produtividade desses verbos nas CPE, quanto às frequências type e token (Bybee, 2003, 2016 [2010]). Na nossa investigação, esteamo-nos em pressupostos da Linguística Funcional Centrada no Uso (Martelotta, 2011; Furtado da Cunha; Bispo; Silva, 2013; Traugott; Trousdale, 2021 [2013]), modelo teórico-metodológico que conjuga postulados do funcionalismo norte-americano e da linguística cognitiva, no que diz respeito à abordagem construcional da gramática. Do ponto de vista metodológico, empreendemos uma pesquisa qualiquantitativa (Lacerda, 2016). Como corpus, utilizamos textos escritos do PB e PE do século XIX, integrantes do banco de dados Corpus do Português (Davies; Ferreira, 2006) e pertencentes ao gênero literário. Para a execução da pesquisa, adotamos os seguintes procedimentos metodológicos: (i) levantamento e fichamento dos trechos com parentéticos epistêmicos com os verbos investigados; (ii) identificação das funções semântico-pragmáticas desses parentéticos nos trechos fichados; (iii) análise qualiquantitativa dos dados. Como resultados obtidos na pesquisa, constatamos que: (i) os verbos achar, crer e imaginar já ocorriam nas CPE do PB e PE do século XIX; (ii) nessa função, eram empregados como marcadores de incerteza/suposição e/ou opinião e/ou atenuação; (iii) crer é o verbo que apresenta, nas CPE, maior frequência token e tem a microconstrução mais frequente (creio eu) nas duas variedades do português; (iv) não há registro, nos dados examinados, de calcular e deduzir nas CPE.
Com o propósito de congregar estudantes e pesquisadores da área, surgiu, em 2011, o Encontro de Sociolinguística. Com esse encontro, esperavam-se fomentar métodos de pesquisa, divulgar trabalhos realizados ou em andamento, estimular a pesquisa na comunidade acadêmica e na sociedade. De 2011 para cá, o Encontro de Sociolinguística já foi realizado em Salvador-BA, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA); em Feira de Santana-BA, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); em Aracaju-SE, na Universidade Federal de Sergipe (UFS); e, agora, em 2024, o Encontro Nordestino de Sociolinguística foi realizado, pela primeira vez, no sudoeste baiano, em Vitória da Conquista-BA, e sediado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.
Com a realização do Programa de Pós-Graduação em Linguística – PPGLin/UESB e do Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em (Sócio)Funcionalismo – Grupo Janus/ LAPESF/PPGLin; do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens/ Universidade do Estado da Bahia (UNEB), do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos/ Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), a XII Edição do evento teve como tema SociolinguísticaS.
Com esse tema, propusemo-nos a trazer, para o sertão baiano, discussões sobre a essência e as nuanças da Sociolinguística, corrente linguística que inaugura a correlação entre a estrutura gramatical e a estrutura social; corrente linguística que apresenta ao mundo a heterogeneidade linguística como sistematizável; e uma corrente linguística que não pode ser considerada como uma única. Assim, no período de 23 a 25 de outubro de 2024, de forma presencial, teve palco, na UESB, discussões sobre as SociolinguísticaS: Sociolinguística Variacionista, a Sociolinguística Histórica, a Sociofonética, o Sociofuncionalismo, a Sociocognição, a Geossociolinguística, a Sociolinguística de Contato e a Sociolinguística Educacional.
Valéria Viana Sousa (UESB)
Membro da Comissão Organizadora
André Pedro da Silva (UFBA)
Cristiane dos Santos Namiuti (UESB)
Cristina dos Santos Carvalho (UNEB)
Gessilene Silveira Kanthack (UESC)
Gilce de Souza Almeida (UNEB)
Huda da Silva Santiago (UEFS)
Maria Aparecida de Souza Guimarães (UNEB)
Neila Maria Oliveira Santana (UNEB)
Norma da Silva Lopes (UNEB)
Pedro Daniel dos Santos Souza (UNEB)
Raquel Meister Ko Freitag (UFS)
Silvana Silva de Farias Araujo (UEFS)
Valéria Viana Sousa (UESB)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)
Cristina dos Santos Carvalho (UNEB)
Norma da Silva Lopes (UNEB)
Pedro Daniel dos Santos Souza (UNEB)
Raquel Meister Ko Freitag (UFS)
Silvana Silva de Farias Araujo (UEFS)
Valéria Viana Sousa (UESB)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais
X ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Desafios do isolamento social para a Sociolinguística e interfaces
De 01 a 04 de dezembro de 2021
Edição online
Anais
XI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A Sociolinguística no Nordeste
01 a 03 de dezembro de 2021
Online - https://doity.com.br/xiencontrodesociolinguistica
Anais