No âmbito do projeto “Documentos produzidos por mãos inábeis: estudos linguísticos e filológicos”, do projeto guarda-chuva “Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão” (CE-DOHS/UEFS), propusemos um estudo comparativo, entre textos de estudantes e manuscritos pretéritos, de fenômenos grafofonéticos e grafemáticos como índices de inabilidade em escrita alfabética (Marquilhas, 2000; Barbosa, 2017; Santiago, 2019). Para tanto, situamo-nos no “caminho” da Linguística Histórica Sócio-histórica (Mattos e Silva, 2008), por meio do cabedal teórico da Sociolinguística Variacionista (Weinreich; Labov; Herzog, 2006; Labov, 2008) e teórico-metodológico da Sociolinguística Histórica (Romaine, 1982; Conde Silvestre, 2007). Em relação ao nível de análise fonético-fonológico, procuramos estabelecer sínteses entre arcabouços descritivo-sincrônicos (Callou; Leite, 1994; Câmara Jr., 1999; Cristófaro Silva, 2022) e histórico-diacrônicos (Williams, 1994; Mattos e Silva, 2021; Coutinho, 2011; Bybee, 2020). Quanto ao corpus da pesquisa, analisamos trinta e cinco redações de estudantes do 6º Ano do Ensino Fundamental, de uma escola de Lauro de Freitas-BA, disponíveis em Nascimento (2019). Para as sincronias anteriores, foram considerados esses fenômenos em dados dos estudos de Marquilhas (2000), para o séc. XVII; de Barbosa (1999), para o séc. XVIII; de Oliveira (2006), para o séc. XIX; e de Santiago (2019), para o séc. XX. No que tange à metodologia e aos procedimentos metodológicos, através de uma abordagem qualitativa, foi empregado o método descritivo-interpretativo — ambos respaldados por Mattos e Silva (1989), em consonância ao paradigma indiciário de Ginzburg (1989), procurando-se evitar as reconhecidas problemáticas metodológicas da disciplina (Hernández-Campoy; Schilling, 2012): a priori, foram levantados os dados de inabilidade destes textos em suas dimensões de escrita fonética e escriptualidade, constatando-se que, foram mais recorrentes no corpus escolar, os fenômenos atinentes aos róticos e aos segmentos e suprassegmentos nasais. Por fim, foram sistematizados os dados destes mesmos fenômenos nos corpora das sincronias anteriores, a partir dos referidos trabalhos, comparando-se os contextos de ocorrência. A partir disso, nossa hipótese, de que tal comparação nos permitiria perceber se estes fenômenos se manifestam similarmente ao longo da história, confirmou-se. Ao que colaboramos, por um lado, com a tarefa de propiciar um refinamento metodológico à constituição de corpora histórico-diacrônicos mais significativos e representativos (Barbosa, 2006), contribuindo, assim, para com a legitimação de nossos “maus dados” (Labov, 1982). E, por outro, proporcionamos novas interpretações para os desvios identificados em textos de alunos da Educação Básica, o que pode vir a suscitar novas perspectivas de pesquisa em torno do ensino-aprendizagem de ortografia e da técnica de escrita.
Com o propósito de congregar estudantes e pesquisadores da área, surgiu, em 2011, o Encontro de Sociolinguística. Com esse encontro, esperavam-se fomentar métodos de pesquisa, divulgar trabalhos realizados ou em andamento, estimular a pesquisa na comunidade acadêmica e na sociedade. De 2011 para cá, o Encontro de Sociolinguística já foi realizado em Salvador-BA, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA); em Feira de Santana-BA, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); em Aracaju-SE, na Universidade Federal de Sergipe (UFS); e, agora, em 2024, o Encontro Nordestino de Sociolinguística foi realizado, pela primeira vez, no sudoeste baiano, em Vitória da Conquista-BA, e sediado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.
Com a realização do Programa de Pós-Graduação em Linguística – PPGLin/UESB e do Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em (Sócio)Funcionalismo – Grupo Janus/ LAPESF/PPGLin; do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens/ Universidade do Estado da Bahia (UNEB), do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos/ Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), a XII Edição do evento teve como tema SociolinguísticaS.
Com esse tema, propusemo-nos a trazer, para o sertão baiano, discussões sobre a essência e as nuanças da Sociolinguística, corrente linguística que inaugura a correlação entre a estrutura gramatical e a estrutura social; corrente linguística que apresenta ao mundo a heterogeneidade linguística como sistematizável; e uma corrente linguística que não pode ser considerada como uma única. Assim, no período de 23 a 25 de outubro de 2024, de forma presencial, teve palco, na UESB, discussões sobre as SociolinguísticaS: Sociolinguística Variacionista, a Sociolinguística Histórica, a Sociofonética, o Sociofuncionalismo, a Sociocognição, a Geossociolinguística, a Sociolinguística de Contato e a Sociolinguística Educacional.
Valéria Viana Sousa (UESB)
Membro da Comissão Organizadora
André Pedro da Silva (UFBA)
Cristiane dos Santos Namiuti (UESB)
Cristina dos Santos Carvalho (UNEB)
Gessilene Silveira Kanthack (UESC)
Gilce de Souza Almeida (UNEB)
Huda da Silva Santiago (UEFS)
Maria Aparecida de Souza Guimarães (UNEB)
Neila Maria Oliveira Santana (UNEB)
Norma da Silva Lopes (UNEB)
Pedro Daniel dos Santos Souza (UNEB)
Raquel Meister Ko Freitag (UFS)
Silvana Silva de Farias Araujo (UEFS)
Valéria Viana Sousa (UESB)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)
Cristina dos Santos Carvalho (UNEB)
Norma da Silva Lopes (UNEB)
Pedro Daniel dos Santos Souza (UNEB)
Raquel Meister Ko Freitag (UFS)
Silvana Silva de Farias Araujo (UEFS)
Valéria Viana Sousa (UESB)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais
X ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Desafios do isolamento social para a Sociolinguística e interfaces
De 01 a 04 de dezembro de 2021
Edição online
Anais
XI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A Sociolinguística no Nordeste
01 a 03 de dezembro de 2021
Online - https://doity.com.br/xiencontrodesociolinguistica
Anais