As sociedades ocidentais, sob o regime patriarcal, criaram imaginários da puta como um verdadeiro monstro, digno e feito para os piores lugares. Entretanto, são sempre procuradas para dar prazer e, porque não, fazer a alegria de quem publicamente as condena e marginaliza (percebem o paradoxo?) Mas, como pensar a prostituição por outras óticas? Tendo essa profissão “almadiçoada” numa sociedade, cispatriarcal, capitalista onde machismo, racismo, lgbt+fobia e outras violências são naturalizadas e estruturadas pelas relações de poder, as mulheres que rompem o lugar do “bela, recatada e do lar” são sempre colocadas aos não-lugares, seja nos direitos trabalhistas, à exclusão do acesso à saúde, à educação, ou no próprio direito à autonomia dos seus corpos. Percebemos pelas travestis e transexuais, onde 90% utilizam a prostituição como única forma de sobrevivência, como nos mostra os dados da Associação Nacional de Transexuais e Travestis – ANTRA. Mas, há o “outro lado da moeda”, surgindo as ressignificações pelo corpo e escrita de muitas mulheres, tais como Amara Moira, travesti, escritora, professora e crítica literária, sendo um dos importantes nomes do Putafeminismo – corrente dos feminismos que visa não só dar voz às mulheres que estão na prostituição, como também a busca pelos seus direitos enquanto profissionais; movimento que promove a fissura no conservadorismo e hipocrisia que tentam a todo custo higienizar e condenar os serviços sexuais feitos por mulheres. A partir da sua puta-escrita E se eu fosse pura (2018), Amara não só ressignifica, a partir da sua narrativa de vida (Machado, 2016), o termo “puta” pela escrita, como também a corporifica neste combo-resistência – travesti e puta –, em um país que dá a todo o momento licença para a morte dessas dissidências. Amara Moira ao ser uma “travesti que se descobre escritora ao tentar ser puta e puta ao bancar a escritora” (Moira, 2018, p. 21), não só ressignifica a sua identidade enquanto puta-travesti como a humaniza. Traz sua literatura marginal como fuga à realidade; transfigura-se seu corpo em diversos corpos, torna-se fênix em todos os momentos que se intitula enquanto puta travesti, puta professora, puta doutora, puta escritora, devir-puta. Que um dia possamos falar e ter um “mundo onde não seja preciso coragem nem desconstrução para amar uma travesti.” (Moira, 2018, p. 178). Este estudo é fruto da minha dissertação de mestrado, defendida em 2023, pelo Programa de Pós-graduação em Letras: Cultura, Educação e Linguagens, da UESB.
Com o propósito de congregar estudantes e pesquisadores da área, surgiu, em 2011, o Encontro de Sociolinguística. Com esse encontro, esperavam-se fomentar métodos de pesquisa, divulgar trabalhos realizados ou em andamento, estimular a pesquisa na comunidade acadêmica e na sociedade. De 2011 para cá, o Encontro de Sociolinguística já foi realizado em Salvador-BA, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA); em Feira de Santana-BA, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); em Aracaju-SE, na Universidade Federal de Sergipe (UFS); e, agora, em 2024, o Encontro Nordestino de Sociolinguística foi realizado, pela primeira vez, no sudoeste baiano, em Vitória da Conquista-BA, e sediado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.
Com a realização do Programa de Pós-Graduação em Linguística – PPGLin/UESB e do Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em (Sócio)Funcionalismo – Grupo Janus/ LAPESF/PPGLin; do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens/ Universidade do Estado da Bahia (UNEB), do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos/ Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), a XII Edição do evento teve como tema SociolinguísticaS.
Com esse tema, propusemo-nos a trazer, para o sertão baiano, discussões sobre a essência e as nuanças da Sociolinguística, corrente linguística que inaugura a correlação entre a estrutura gramatical e a estrutura social; corrente linguística que apresenta ao mundo a heterogeneidade linguística como sistematizável; e uma corrente linguística que não pode ser considerada como uma única. Assim, no período de 23 a 25 de outubro de 2024, de forma presencial, teve palco, na UESB, discussões sobre as SociolinguísticaS: Sociolinguística Variacionista, a Sociolinguística Histórica, a Sociofonética, o Sociofuncionalismo, a Sociocognição, a Geossociolinguística, a Sociolinguística de Contato e a Sociolinguística Educacional.
Valéria Viana Sousa (UESB)
Membro da Comissão Organizadora
André Pedro da Silva (UFBA)
Cristiane dos Santos Namiuti (UESB)
Cristina dos Santos Carvalho (UNEB)
Gessilene Silveira Kanthack (UESC)
Gilce de Souza Almeida (UNEB)
Huda da Silva Santiago (UEFS)
Maria Aparecida de Souza Guimarães (UNEB)
Neila Maria Oliveira Santana (UNEB)
Norma da Silva Lopes (UNEB)
Pedro Daniel dos Santos Souza (UNEB)
Raquel Meister Ko Freitag (UFS)
Silvana Silva de Farias Araujo (UEFS)
Valéria Viana Sousa (UESB)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)
Cristina dos Santos Carvalho (UNEB)
Norma da Silva Lopes (UNEB)
Pedro Daniel dos Santos Souza (UNEB)
Raquel Meister Ko Freitag (UFS)
Silvana Silva de Farias Araujo (UEFS)
Valéria Viana Sousa (UESB)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais
X ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Desafios do isolamento social para a Sociolinguística e interfaces
De 01 a 04 de dezembro de 2021
Edição online
Anais
XI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A Sociolinguística no Nordeste
01 a 03 de dezembro de 2021
Online - https://doity.com.br/xiencontrodesociolinguistica
Anais