CONSIDERAÇÕES DA GRAMATICALIZAÇÃO DE "QUER DIZER" NO PORTUGUÊS BRASILEIRO E MOÇAMBICANO

• Autor
• Eduardo Ferreira dos Santos Almeida
• Co-autores
• Cristina dos Santos Carvalho , Josane Moreira de Oliveira
• Resumo

• Na literatura linguística, a gramaticalização tem sido vista geralmente como “um conjunto de mudanças linguísticas em que um item lexical ou a construção em certos usos assume características gramaticais, ou através do qual um item gramatical se torna mais gramatical” (Hopper; Traugott, 2003, p. 2). Na língua portuguesa, um caso de gramaticalização de construção é quer dizer que, mesmo não perdendo seu significado base por completo, está em um processo de gramaticalização, com significados que são construídos no contexto de uso. A esse respeito, esclarece que os dois verbos, ao se juntarem, desenvolveram usos diferentes do original de cada verbo individualmente: “um dos quais resultou na sequência quer dizer, de uso bastante generalizado na fala e que também surge na escrita” (Dal Mago, 2002, p. 137). Apresentamos aqui os resultados da pesquisa realizada durante a graduação sobre a gramaticalização da construção quer dizer, desenvolvida na UNEB (Campus XIV), no período de 2017 a 2022. Propusemo-nos em analisar, no português brasileiro (PB) e moçambicano (PM) contemporâneos, os usos gramaticalizados ou não de quer dizer. Destarte, embasamo-nos no funcionalismo linguístico de vertente norte americana que, nos termos de (Martelotta; Kenedy, 2015, p.14), concebe “a língua como um instrumento de comunicação que não pode ser analisado como um objeto autônomo, mas como uma estrutura maleável”. A pesquisa está fundamentada nos pressupostos teóricos do funcionalismo de vertente norte americana, nos moldes em que é desenvolvido no Brasil por Furtado da Cunha (2011), Furtado da Cunha, Costa e Cezario (2015), Martelotta e Kenedy (2015), Furtado da Cunha e Tavares (2016), entre outros. Para o nosso objeto de estudo, utilizamos, como amostra, dados reais do PB e PE do século XXI, extraídos do Corpus do Português (Davies; Ferreira, 2006) e procedemos a uma abordagem qualiquantitativa dos dados (Lacerda, 2016). Nossos resultados demonstram, quanto às convergências, os mesmos usos de quer dizer (modal + dicendi, ‘significa’, conectores textuais: retificadora, esclarecedora, exemplificadora e conclusiva e marcador discursivo). Quanto às divergências, verificamos algumas diferenças: valores de ‘significa’ (PB); modal + dicendi e função esclarecedora (PM). Com a pesquisa, buscamos contribuir com os estudos do funcionalismo linguístico, bem como os de gramaticalização na língua portuguesa.

• Palavras-chave
• Quer dizer. Gramaticalização. Variedades do português.
• Modalidade
• Simpósios Auto-organizados
• Área Temática
• ST03 - DIÁLOGOS ENTRE A SOCIOLINGUÍSTICA E O FUNCIONALISMO