O presente estudo pauta-se na investigação das formas simples e composta do pretérito mais-que-perfeito do indicativo em dados do período arcaico da Língua Portuguesa. Dessa guisa, esta pesquisa é norteada pelos seguintes objetivos: investigar a motivação da alternância entre o uso da construção simples e da perifrástica; identificar os condicionamentos estatisticamente significativos de cada variante; averiguar o comportamento estrutural e semântico da forma verbal composta no que concerne ao processo de gramaticalização; e mapear as diferentes funções gramaticais que são expressas por esse arranjo formal. A essa empreitada, servem de suporte à investigação os pressupostos teóricos do Sociofuncionalismo (Tavares, 2003), interface proveniente do casamento entre a Sociolinguística Variacionista (Labov, 1972, 1978, 1994 e 2001) e o Funcionalismo Linguístico de vertente norte-americana (Hopper; Traugott, 1993; Givón, 1995). No tocante aos procedimentos metodológicos, são examinados dados do acervo digital Corpus Informatizado do Português Medieval, especificamente dos textos referentes aos séculos XIII, XIV e XV. Em procedência à análise, as ocorrências das variantes são categorizadas pelos seguintes grupos de fatores em relação à variação: tipo verbal, pessoa discursiva, modificador verbal, saliência morfológica do verbo, tipo oracional, animacidade do sujeito, modalidade, polaridade oracional, sincronia e natureza textual. Em referência à gramaticalização da perífrase “ter” ou “haver” + particípio, consideramos: seleção argumental do sujeito, seleção argumental do objeto, tipo de combinação perifrástica, marcas morfológicas do particípio, variação entre “ter” e haver”, eixo paradigmático (integrabilidade, paradigmaticidade e variabilidade paradigmática) e eixo sintagmático (escopo, conexidade e variabilidade sintagmática). Em termos de multifuncionalidade, analisamos as funções codificadas pelo pretérito mais-que-perfeito do indicativo no âmbito temporal, modal e discursivo. Após esses procedimentos, a categorização dos dados será submetida à análise estatística pelo programa GoldVarb X (Sankoff; Tagliamonte; Smith, 2005), com o fito de gerar pesos relativos que atestem o grau de relevância de cada fator supracitado, a partir de uma análise multivariada dos contextos e das frequências de uso das estruturas do pretérito mais-que-perfeito. Em seguida, os resultados obtidos serão correlacionados aos problemas empíricos de mudança linguística (Weinreich; Labov; Herzog, 2006) e aos princípios e parâmetros de gramaticalização (Hopper, 1991; Lehmann, 2002). Dos resultados parciais desta dissertação em andamento, foram controladas, nas ocorrências encontradas, as funções antepretérita, metafórica, discursiva, desiderativa, conjuntiva e condicional. Mediante esse arcabouço, espera-se contribuir para a descrição de fenômenos vinculados ao complexo Tempo-Aspecto-Modalidade (Givón, 1984) e para a cartografia histórica do sistema linguístico.
Com o propósito de congregar estudantes e pesquisadores da área, surgiu, em 2011, o Encontro de Sociolinguística. Com esse encontro, esperavam-se fomentar métodos de pesquisa, divulgar trabalhos realizados ou em andamento, estimular a pesquisa na comunidade acadêmica e na sociedade. De 2011 para cá, o Encontro de Sociolinguística já foi realizado em Salvador-BA, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA); em Feira de Santana-BA, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); em Aracaju-SE, na Universidade Federal de Sergipe (UFS); e, agora, em 2024, o Encontro Nordestino de Sociolinguística foi realizado, pela primeira vez, no sudoeste baiano, em Vitória da Conquista-BA, e sediado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.
Com a realização do Programa de Pós-Graduação em Linguística – PPGLin/UESB e do Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em (Sócio)Funcionalismo – Grupo Janus/ LAPESF/PPGLin; do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens/ Universidade do Estado da Bahia (UNEB), do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos/ Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), a XII Edição do evento teve como tema SociolinguísticaS.
Com esse tema, propusemo-nos a trazer, para o sertão baiano, discussões sobre a essência e as nuanças da Sociolinguística, corrente linguística que inaugura a correlação entre a estrutura gramatical e a estrutura social; corrente linguística que apresenta ao mundo a heterogeneidade linguística como sistematizável; e uma corrente linguística que não pode ser considerada como uma única. Assim, no período de 23 a 25 de outubro de 2024, de forma presencial, teve palco, na UESB, discussões sobre as SociolinguísticaS: Sociolinguística Variacionista, a Sociolinguística Histórica, a Sociofonética, o Sociofuncionalismo, a Sociocognição, a Geossociolinguística, a Sociolinguística de Contato e a Sociolinguística Educacional.
Valéria Viana Sousa (UESB)
Membro da Comissão Organizadora
André Pedro da Silva (UFBA)
Cristiane dos Santos Namiuti (UESB)
Cristina dos Santos Carvalho (UNEB)
Gessilene Silveira Kanthack (UESC)
Gilce de Souza Almeida (UNEB)
Huda da Silva Santiago (UEFS)
Maria Aparecida de Souza Guimarães (UNEB)
Neila Maria Oliveira Santana (UNEB)
Norma da Silva Lopes (UNEB)
Pedro Daniel dos Santos Souza (UNEB)
Raquel Meister Ko Freitag (UFS)
Silvana Silva de Farias Araujo (UEFS)
Valéria Viana Sousa (UESB)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)
Cristina dos Santos Carvalho (UNEB)
Norma da Silva Lopes (UNEB)
Pedro Daniel dos Santos Souza (UNEB)
Raquel Meister Ko Freitag (UFS)
Silvana Silva de Farias Araujo (UEFS)
Valéria Viana Sousa (UESB)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)
I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)
II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)
VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)
VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)
IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais
X ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Desafios do isolamento social para a Sociolinguística e interfaces
De 01 a 04 de dezembro de 2021
Edição online
Anais
XI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A Sociolinguística no Nordeste
01 a 03 de dezembro de 2021
Online - https://doity.com.br/xiencontrodesociolinguistica
Anais