MAPEAMENTO SOCIOLINGUÍSTICO DAS VILAS INDÍGENAS NA BAHIA SETENCENTISTA: EDIÇÃO DE DOCUMENTOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA UMA HISTÓRIA SOCIAL LINGUÍSTICA DO BRASIL

• Autor
• Guilherme Andrade Santana
• Co-autores
• Pedro Daniel dos Santos Souza
• Resumo

• No âmbito da atuação do tribunal especial do Conselho Ultramarino, instalado na Cidade da Bahia, na segunda metade do século XVIII, especificamente em reunião de 27 de setembro de 1758, o Conselheiro José Mascarenhas Pacheco Coelho de Mello apresentou parecer sobre os procedimentos que deveriam ser seguidos para o estabelecimento das vilas que seriam erigidas dos aldeamentos jesuíticos. Os ministros responsáveis pela execução dessa tarefa deveriam fazer um diagnóstico dos referidos espaços, por meio das respostas a um “interrogatório” composto por 24 “quesitos”. Conhece-se a documentação relativa às respostas de 5 (cinco) vilas: Abrantes, Soure, Olivença, Barcelos e Santarém. A par disso, considerando a importância dessa documentação para a história social linguística do Brasil e, em particular, da Capitania da Bahia, pretende-se apresentar a edição semidiplomática das referidas fontes documentais, com vistas a disponibilizar informações que possibilitem aprofundar a discussão sobre as configurações linguísticas desses espaços e seus respectivos contatos linguísticos. Essa documentação tomada como corpus deste trabalho está salvaguardada pelo Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), de Lisboa, e pela Biblioteca Nacional (BN) do Rio de Janeiro. Considerando a importância das referidas fontes, no processo de edição, buscou-se uma metodologia que visasse a mínima interferência no documento, optando-se, portanto, pela realização de uma edição semidiplomática do corpus e, para isso, utilizaram-se as normas de Transcrição de Documentos Manuscritos e Impressos, definidas no âmbito do Projeto Para a História do Português Brasileiro (PHPB), com algumas adaptações. Ademais, apoiando-se no campo da história social linguística do Brasil, nos termos de Mattos e Silva (1988), e na análise e leitura da documentação, na perspectiva do método indiciário, formulado por Ginzburg (1989), a partir das informações presentes na documentação, enfrenta-se ainda uma agenda de recuperação da articulação entre os fatos de ocupação territorial, as sucessivas distribuições demográfico-linguísticas e as prevalências e desaparecimento das línguas no decorrer da história do Brasil, na medida em que, na documentação já editada, é possível localizar indícios que permitam uma aproximação às configurações linguísticas do espaço investigado, permitindo seu mapeamento linguístico e histórico. De modo geral, os documentos editados revelam o contato do português com as línguas indígenas nas vilas de Abrantes, Soure, Olivença, Barcelos e Santarém, como se encontrava o domínio das práticas do ler e do escrever, bem como quais os grupos etnolinguísticos e as línguas que ainda eram faladas nesses espaços.

• Palavras-chave
• Tribunal Especial do Conselho Ultramarino. Vilas de índios. Edição semidiplomática.
• Modalidade
• Simpósios Auto-organizados
• Área Temática
• ST01 - USOS E CONTEXTOS DA LÍNGUA PORTUGUESA