A REALIZAÇÃO DAS VARIANTES NEGATIVAS EM CAMPO GRANDE E SALVADOR: UMA ANÁLISE DIATÓPICA.

  • Autor
  • NAIARA DE SOUZA FERREIRA
  • Co-autores
  • Daniel dos Reis Brito
  • Resumo
  • Esta pesquisa propõe uma investigação dialetológica de um fenômeno linguístico variável recorrente no português brasileiro, que consiste nas possibilidades de realização da estrutura negativa. Tal fenômeno pode ocorrer através da construção canônica [não V] ou das suas variantes [não V não] e [V não] denominadas, respectivamente, de dupla negação e negação pós-verbal. O trabalho apresenta uma investigação comparando como se dá a ocorrência desse fenômeno em duas capitais brasileiras: Campo Grande (Mato Grosso do Sul) e Salvador (Bahia), e quais fatores motivam tais variações. As bases teóricas que orientaram esta pesquisa são os pressupostos da Sociolinguística Variacionista preconizada por Labov (1966, 2008 [1972]). Utiliza-se, também, a perspectiva da Geografia Linguística abarcando a Dialetologia na sua dimensão pluridimensional de acordo com o explicitado por Thun (2000). Os corpora são constituídos por inquéritos linguísticos do projeto ALiB (Atlas Linguístico do Brasil). A amostra constitui-se de áudios referentes a entrevistas com informantes das 02 capitais, em cada capital selecionou-se 01 (um) informante de cada sexo (masculino e feminino) distribuído igualmente por nível de escolaridade (fundamental e superior), e 02 faixas etárias (I: 18-30 e II: 50-65), resultando, assim, 08 informantes por cidade e totalizando 16 entrevistas. Os resultados parciais demonstraram que, a respeito das variantes sociais no nível fundamental das duas capitais, há uma proporcionalidade na ocorrência das variante, onde a grande maioria das negações - acima de 80% - são realizadas na variante padrão (NEG1), por volta de 10 à 20% na dupla negação (NEG2) e em porcentagens muito baixas a negação pós verbal (NEG3), entre 1 e 2%. Em se tratando do gênero em Campo Grande, as ocorrências no sexo masculino correspondem a 90% dos dados de NEG3. Já em Salvador, todas as ocorrências de NEG3 em informantes de baixa escolaridade foram registradas no sexo feminino. Portanto, conclui-se que há uma oposição entre os agentes de distribuição quando comparadas às comunidades, já que em Salvador, é o sexo feminino que favorece e propaga essa variante, enquanto em Campo Grande, é o masculino que o faz. Em relação à faixa etária, nota-se que a faixa II favorece significativamente NEG 2, triplicando sua produtividade, de 5,36% na faixa I para 17,23% na faixa II  em Campo Grande e mais do que duplicando sua produtividade em Salvador, de 7,9% para 19,85%.

  • Palavras-chave
  • Negação. Variação espacial. Dialetologia. Sociolinguística Variacionista.
  • Modalidade
  • Simpósios Auto-organizados
  • Área Temática
  • ST07 - SINTAXE E VARIAÇÃO ESPACIAL
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XII ENCONTRO NORDESTINO DE SOCIOLINGUÍSTICA

SociolinguísticaS

 

Com o propósito de congregar estudantes e pesquisadores da área, surgiu, em 2011, o Encontro de Sociolinguística. Com esse encontro, esperavam-se fomentar métodos de pesquisa, divulgar trabalhos realizados ou em andamento, estimular a pesquisa na comunidade acadêmica e na sociedade. De 2011 para cá, o Encontro de Sociolinguística já foi realizado em Salvador-BA, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA); em Feira de Santana-BA, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); em Aracaju-SE, na Universidade Federal de Sergipe (UFS); e, agora, em 2024, o Encontro Nordestino de Sociolinguística foi realizado, pela primeira vez, no sudoeste baiano, em Vitória da Conquista-BA, e sediado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

Com a realização do Programa de Pós-Graduação em Linguística – PPGLin/UESB e do Grupo de Pesquisa em Linguística Histórica e em (Sócio)Funcionalismo – Grupo Janus/ LAPESF/PPGLin; do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens/ Universidade do Estado da Bahia (UNEB), do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos/ Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), a XII Edição do evento teve como tema SociolinguísticaS.

Com esse tema, propusemo-nos a trazer, para o sertão baiano, discussões sobre a essência e as nuanças da Sociolinguística, corrente linguística que inaugura a correlação entre a estrutura gramatical e a estrutura social; corrente linguística que apresenta ao mundo a heterogeneidade linguística como sistematizável; e uma corrente linguística que não pode ser considerada como uma única. Assim, no período de 23 a 25 de outubro de 2024, de forma presencial, teve palco, na UESB, discussões sobre as SociolinguísticaS: Sociolinguística Variacionista, a Sociolinguística Histórica, a Sociofonética, o Sociofuncionalismo, a Sociocognição, a Geossociolinguística, a Sociolinguística de Contato e a Sociolinguística Educacional.

 

Valéria Viana Sousa (UESB)
Membro da Comissão Organizadora

  • ST01 - USOS E CONTEXTOS DA LÍNGUA PORTUGUESA
  • ST02 - SOCIOFONÉTICA: PELAS ONDAS DA VARIAÇÃO E MUDANÇA
  • ST03 - DIÁLOGOS ENTRE A SOCIOLINGUÍSTICA E O FUNCIONALISMO
  • ST04 - ESTUDOS DE SOCIOLINGUÍSTICA DE CONTATO
  • ST05 - (SOCIO)LINGUÍSTICA COGNITIVA: O COGNITIVO E O SOCIAL EM PAUTA
  • ST06 - O QUE DÁ PRÁ RIR DÁ PRÁ CHORAR: PALAVRAS E SUAS SIGNIFICAÇÕES AO LONGO DO TEMPO
  • ST07 - SINTAXE E VARIAÇÃO ESPACIAL
  • ST08 - VARIEDADES AFRO-BRASILEIRAS DO PORTUGUÊS – SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA E CONTATO ENTRE LÍNGUAS
  • ST09 - SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA E SUAS INTERFACES NA DESCRIÇÃO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

COMISSÃO CIENTÍFICA

André Pedro da Silva (UFBA)
Cristiane dos Santos Namiuti (UESB)
Cristina dos Santos Carvalho (UNEB)
Gessilene Silveira Kanthack (UESC)
Gilce de Souza Almeida (UNEB)
Huda da Silva Santiago (UEFS)
Maria Aparecida de Souza Guimarães (UNEB)
Neila Maria Oliveira Santana (UNEB)
Norma da Silva Lopes (UNEB)
Pedro Daniel dos Santos Souza (UNEB)
Raquel Meister Ko Freitag (UFS)
Silvana Silva de Farias Araujo (UEFS)
Valéria Viana Sousa (UESB)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)

COMISSÃO ORGANIZADORA


Cristina dos Santos Carvalho (UNEB)
Norma da Silva Lopes (UNEB)
Pedro Daniel dos Santos Souza (UNEB)
Raquel Meister Ko Freitag (UFS)
Silvana Silva de Farias Araujo (UEFS)
Valéria Viana Sousa (UESB)
Valter de Carvalho Dias (IFBA)

I ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação - História - Mudança
01 de dezembro de 2011
Universidade do Estado da Bahia (Salvador)

 

II ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Estudos da Variação, da Mudança e da Sócio-História do Português Brasileiro; Sociofuncionalismo e Etnografia da Comunicação
28 e 29 de novembro de 2012
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

III ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A pesquisa em Salvador
03 e 04 de outubro de 2013
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

IV ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diferentes olhares sobre o português brasileiro
15 e 16 de setembro de 2014
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

V ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Diálogos entre Brasil e África
09 e 10 de novembro de 2015
Universidade Estadual de Feira de Santana (Feira de Santana-BA)

 

VI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
O português do Nordeste: (para além das) fronteiras linguísticas
29 e 30 de setembro de 2016
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

VII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Redes e contatos
28 a 30 de setembro de 2017
Universidade Federal de Sergipe (São Cristovão-SE)

 

VIII ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Variação e ensino: unidade e diversidade
20 e 21 de julho de 2018
Universidade do Estado da Bahia (Salvador-BA)

 

IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Sociolinguística: quebrando tabus e inovando na escola
01 e 02 de agosto de 2019
Universidade Federal da Bahia (Salvador-BA)
Anais

 

X ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
Desafios do isolamento social para a Sociolinguística e interfaces
De 01 a 04 de dezembro de 2021
Edição online
Anais

 

XI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA
A Sociolinguística no Nordeste
01 a 03 de dezembro de 2021
Online - https://doity.com.br/xiencontrodesociolinguistica
Anais