INTRODUÇÃO: A lesão renal aguda (LRA) secundária ao processo de isquemia e reperfusão (IR) é uma das causas mais comuns para a progressão da lesão renal crônica e consequente perda da função renal. O diabetes mellitus do tipo I (DMT1) é uma síndrome metabólica caracterizada por hiperglicemia e que pode estar associada ao desenvolvimento de doença renal diabética. Estudos sugerem que o diabetes é um fator de risco independente para a LRA, contudo, os mecanismos pelos quais o diabetes influencia a gravidade da LRA permanecem desconhecidos. OBJETIVO: Avaliar a interferência do diabetes na fisiopatologia da lesão renal aguda decorrente de IR. MÉTODOS: Os protocolos estão de acordo com a CEUA (nº 12/2017). Camundongos C57BL/6J, com idade de 60 dias, foram aleatoriamente agrupados em: 1) Veículo e cirurgia fictícia (sham); 2) Veículo e cirurgia de IR renal (bilateral, 30 minutos); 3) estreptozotocina (STZ - 55 mg/Kg/dia - durante cinco dias consecutivos) e cirurgia fictícia (sham); 4) STZ e cirurgia de IR renal. No quinto dia após a última injeção de STZ, os animais com glicemia ? a 250 mg/dL foram considerados diabéticos. No 12ª dia após a última injeção de STZ, os animais foram submetidos aos procedimentos cirúrgicos e, após 48 horas, à eutanásia. A função renal foi avaliada pela concentração plasmática de creatinina e ureia por análise bioquímica. A proteinúria foi avaliada por kit comercial. Ao final, os rins foram utilizados para avaliação da expressão gênica por qPCR e da expressão proteica por Western Blotting. A análise estatística foi realizada por análise de variância (ANOVA) de duas vias. Quando a interação foi estatisticamente significativa, o pós-teste de Bonferroni foi realizado para comparações múltiplas. Valores de p<0.05 foram considerados estatisticamente significativos. RESULTADOS: O tratamento com STZ resultou em hiperglicemia, mas não induziu alterações na função renal e na expressão gênica de fatores associados a injúria tubular e glomerular, inflamação e fibrose. Nos animais não diabéticos, IR renal resultou em aumento dos níveis de creatinina e ureia no plasma, queda na expressão de RNAm para nefrina, aumento na expressão de RNAm para Kim-1, Ki-67, e na expressão gênica de fatores pró-inflamatórios e pró-fibróticos. O diabetes agrava a LRA decorrente de IR renal principalmente por induzir hipóxia, exacerbar a lesão glomerular, tubular, os processos pró-inflamatórios e pró-fibróticos e por diminuir as respostas de reparo tecidual. CONCLUSÃO: Nossos resultados sugerem que o diabetes é um fator de risco independente para a LRA secundária ao processo de IR renal e que pacientes com DMT1 podem ser mais propensos ao desenvolvimento de lesão renal crônica após um episódio de IR renal. AGÊNCIA DE FOMENTO: FAPESP (2016/12354-0 e 2017/02020-0), CNPq (140182/2017-9) e CAPES.
Comissão Organizadora
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Yago
Karol
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