INTRODUÇÃO: A Doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de demência em indivíduos a partir dos 60 anos de idade, e é caracterizada pela degeneração neuronal de regiões relacionadas às funções cognitivas, atingindo principalmente regiões do hipocampo e córtex cerebral. Sua etiologia ainda é desconhecida e a idade é o principal fator de risco. Estudos sugerem que distúrbios no metabolismo da glicose e da sinalização da insulina cerebral estão associados com os estágios precoces e a progressão da DA. Nesse sentido, a DA pode ser decorrente da diminuição do metabolismo de glicose e da função mitocondrial no encéfalo, com diminuição da expressão e da atividade de enzimas e menor atividade da cadeia transportadora de elétrons. Assim, a busca de estratégias terapêuticas que possam interferir na função mitocondrial e melhorar o metabolismo de glicose no sistema nervoso é de extrema importância. A triiodotironina (T3), um hormônio tireoideano, é capaz de induzir biogênese mitocondrial aumentando assim, a capacidade da célula de gerar energia. Os hormônios tireoideanos (THs) têm um papel essencial em processos biológicos regulando a expressão gênica de moléculas envolvidas no metabolismo, crescimento e desenvolvimento. Estudos têm demonstrado uma forte relação entre DM e disfunções da tireóide e que o metabolismo de glicose e a sinalização da insulina podem ser modulados pelos hormônios tireoideanos. OBJETIVO: O objetivo deste projeto é avaliar os efeitos da suplementação do hormônio tireoidiano com triiodotironina (T3) no desempenho cognitivo relacionado à memória, neuroinflamação e neurodegeneração, em um modelo de neurodegeneração semelhante à DA em ratos induzido pela injeção intracerebroventricular de estreptozotocina (STZ). MÉTODO: Ratos wistar machos (n = 7-8), receberam injeções bilaterais (totalizando 4 µL) de veículo (tampão citrato) ou STZ (2 mg / Kg; Sigma) nos ventrículos laterais por cirurgia estereotáxica. Os animais que receberam veículo e STZ foram suplementados com dose suprafisiológica intraperitoneal diária de 1,5 µg / 100g de peso do animal de triiodotironina (T3) ou o mesmo volume de veículo (soro fisiológico), a partir do dia da cirurgia estereotáxica, por 30 dias. Os animais então constituíram os seguintes grupos: animais que receberam citrato tratados com soro fisiológico (Controle=CTL), animais que receberam STZ tratados com soro fisiológico (STZ), animais que receberam citrato tratados com T3 (T3) e animais que receberam STZ tratados com T3 (STZ+T3). O teste comportamental de reconhecimento de objeto avaliou a cognição e a neuroinflamação foi avaliada por Western Blot. Todos os experimentos foram aprovados pelo comitê de ética animal, N°023/2016 RESULTADOS: A análise dos dados revelou que a suplementação de T3 por 30 dias promoveu melhora na cognição, com um aumento do 56,1 % e 5% no índice de reconhecimento de objetos nos testes de curto e longo prazo respectivamente (p <0,01, p<0,05), e promoveu uma redução nos níveis da proteína ácida fibrilar glial, GFAP (p = 0,033), um marcador de astrocitose após o tratamento com T3 em animais com DA. CONCLUSÃO: Nossos dados fornecem evidências dos efeitos positivos que a suplementação de T3 tem em relação à cognição e neuroinflamação em um modelo de DA. Assim, este trabalho destaca a importância desta terapia e identifica mecanismos de ação que podem ser úteis no estabelecimento de estratégias terapêuticas.
Comissão Organizadora
Paulo Henrique Evangelista
Ana Caroline Rippi Moreno
Yago
Karol
Flaviane de Fatima Silva
Thayna dos Santos Vieira
Vanessa
sanyperego@icb.usp.br
Caroline Pancera Laurindo
Karen Cristina Rego Gregorio
Octávio Augusto de Carvalho Maia
Beatriz Pacheco de Souza
Comissão Científica