Introdução: A cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) é um procedimento que visa restaurar o fluxo sanguíneo para o coração em pacientes com doença arterial coronariana. Apesar dos benefícios clínicos, a CRM pode causar complicações renais, como lesão renal aguda (LRA) e progressão da doença renal crônica (DRC). A incidência, os fatores de risco e o impacto da CRM na função renal e na evolução da DRC são temas controversos na literatura. Objetivo: Avaliar os efeitos da CRM na função renal e na progressão da DRC em pacientes adultos, por meio de uma revisão sistemática da literatura. Metodologia: Foi realizada uma busca nas bases de dados PubMed, Scielo, Web of Science, seguindo os critérios do checklist PRISMA. Os descritores utilizados foram: avaliação clínica, cirurgia de revascularização do miocárdio, função renal, progressão da doença renal crônica, avaliação. Foram incluídos estudos observacionais ou experimentais, publicados nos últimos 10 anos, que avaliaram a função renal e a progressão da DRC em pacientes submetidos à CRM. Foram excluídos estudos que não apresentaram dados sobre a função renal ou a progressão da DRC, que utilizaram outras técnicas de revascularização, que incluíram pacientes pediátricos ou com doença renal terminal. Resultados: Foram identificados 25 estudos, dos quais 10 foram selecionados para análise. A incidência de LRA após a CRM variou de 6,8% a 51,7%, dependendo dos critérios diagnósticos utilizados. Os principais fatores de risco para LRA foram idade avançada, diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca, uso de circulação extracorpórea e tempo de clampeamento aórtico. A LRA foi associada a maior mortalidade, tempo de internação e custos hospitalares. A progressão da DRC após a CRM foi observada em 7,4% a 28,6% dos pacientes, sendo mais frequente em pacientes com LRA ou com DRC prévia. A progressão da DRC foi associada a maior risco de eventos cardiovasculares e morte. Conclusão: A CRM pode causar alterações na função renal e na progressão da DRC em pacientes adultos, com consequências clínicas e econômicas relevantes. São necessários mais estudos para identificar os mecanismos fisiopatológicos, os biomarcadores e as estratégias de prevenção e tratamento dessas complicações.
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IGOR COSTA SANTOS
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