Introdução: A cultura de segurança do paciente é tema mundial em simpósios, fóruns e congressos médicos, sendo atualmente considerada um indicador estrutural básico para promover iniciativas que visam à redução dos riscos e a ocorrência de eventos adversos, particularmente em hospitais. Objetivo: Relatar o resultado obtido após utilização do questionário traduzido e validado pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e Fiocruz1 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP (HC FMRP USP). Resultados: A tradução para o português e validação do Questionário sobre Segurança do Paciente em Hospitais (HSOPSC) para uso no Brasil foi objeto da tese de doutorado de Cláudia Tartaglia Reis intitulado como “A cultura de segurança do paciente: validação de um instrumento de mensuração para o contexto hospitalar brasileiro, realizada na ENSP/Fiocruz”. Esse questionário foi criado pela Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) em 2004, com o objetivo de avaliar múltiplas dimensões da cultura de segurança do paciente e questionar a opinião de seus respondentes sobre pontos-chave relacionados à segurança (valores, crenças e normas da organização, notificação de eventos adversos, comunicação, liderança e gestão). O instrumento é considerado válido, confiável, eficiente e um dos mais utilizados mundialmente para mensurar cultura de segurança do paciente. No HC FMRP USP, 165 questionários foram respondidos, pelas diversas unidades do hospital, com predominância da área cirúrgica (9,1%). 81% dos respondentes tinham graduação mínima de ensino superior e 75% mais de 6 anos de trabalho na instituição. Quanto as dimensões envolvidas no questionário: das 7 (sete) dimensões do nível da unidade obteve-se cultura de segurança intermediária em 5 (cinco); no concernente as 3 (três) dimensões do nível organizacional houve predominância de uma cultura fragilizada, partindo desta dimensão o plano de ação em segurança do paciente proposto para o biênio 2018-2020. Quanto as duas dimensões de resultados, observou-se cultura intermediária em uma delas, mostrando-nos que quando o erro é percebido este é notificado. Após aplicação do questionário foi apresentado e discutido o resultado com os profissionais da instituição, a gestão e o Núcleo de Segurança do Paciente, onde foi validado o plano de ação proposto a partir dos resultados obtidos. O plano de ação tem como finalidades: a) Revisão de protocolos de segurança do paciente e dos formulários do prontuário eletrônico referentes ao tema, possibilitando captação automática de indicadores e disponibilização de relatórios gerenciais para auxílio na gestão clínica; b) Definir e ampliar práticas de comunicação efetiva entre colaboradores e entre equipe – paciente através do lançamento do concurso de práticas seguras; c) Foco na análise de processos com utilização de ferramentas de análise de causa raiz para embasar a discussão de eventos graves pela equipe multiprofissional. Considerações Finais: Apesar da pouca evidência de utilização do questionário em âmbito nacional, no HCFMRP USP o mesmo possibilitou movimentação das equipes através de um workshop contemplando os seis protocolos básicos de segurança do paciente, assim como, uma reflexão geral quanto à cultura de segurança instituída e os pontos a serem fortalecidos através da definição do plano de ação.
Comissão Organizadora
Rafael Rossi
ANVISA
R3 Aline
RONALDO RUIZ
Comissão Científica