Introdução: Programas de segurança do paciente que contemplem mudança de cultura, treinamentos e introdução de boas práticas são capazes de aumentar o clima de segurança, reduzir taxas de eventos adversos graves, reduzir danos evitáveis, a mortalidade hospitalar e os custos. No Brasil, foi instituído programa nacional que contempla a introdução de boas práticas e mudança de cultura em 2013. Um ano depois, uma estatal que gere hospitais universitários federais brasileiros customizou um programa para sua realidade, tendo como base o programa nacional. Tal programa introduziu trabalho em rede com seis pilares: diretrizes para estrutura, processos e resultados em segurança do paciente e vigilância em saúde, harmonizando o trabalho das instituições participantes; comitê consultivo e deliberativo formado por todas as instituições participantes, as quais têm voz e voto em reuniões mensais; software em plataforma web para notificação, tratamento, monitoramento e avaliação de incidentes em saúde; projetos de incentivo, com promoção de educação continuada e formação profissional, além de reconhecimento de instituições destaque com premiações e menções honrosas; comunicação em rede, possibilitando a troca de experiências por videoconferências, aplicativos de mensagens instantâneas, e-mails e telefone; painel online de indicadores de qualidade e segurança do paciente, para benchmarking de processos e resultados.
Objetivo: Avaliar os efeitos de um programa de segurança do paciente (PESP) em rede para promoção de ações de gestão de riscos e segurança do paciente em 39 hospitais universitários federais brasileiros (HUF), por meio da comparação da situação das instituições antes de entrar na rede de hospitais e em abril de 2018.
Resultados: Ao entrar na rede, apenas 23 hospitais possuíam núcleo de segurança do paciente. Atualmente, os 39 (100%) possuem. Apenas 22 hospitais possuíam processo de notificação, e após o PESP 35 possuem, sendo que 32 deles utilizam o software da rede. Quanto ao plano de ação pela segurança do paciente, 13 hospitais possuíam ao entrar na rede e hoje são 37 (95%) hospitais com planos em execução. Quanto à gestão de riscos assistenciais, houve aumento de 155% na execução de todas as etapas (9 hospitais antes e 23 após). É possível averiguar que o tempo em que os hospitais estão no programa em rede faz diferença para a execução de ações que cumpram com o requerido na legislação de segurança do paciente e vigilância em saúde: o grupo que tem 4 anos no programa (23 HUF) cumpre com 79% dos requisitos, o que tem 3 anos (5 HUF), 63% e o que tem 2 anos (10 HUF), 50%. Em todos, houve aumento em relação a quando entrou na rede e em abril de 2018: 38%, 20% e 22%, respectivamente.
Considerações Finais: O trabalho em rede possibilita intensa troca de experiências, otimização de recursos humanos, financeiros e de tempo, além de promover ciclos ricos de aprendizado e melhoria para os profissionais e instituições envolvidos. Como consequência, um programa de segurança do paciente instituído e aplicado em rede resulta em ganhos nas melhorias dos processos de gestão de riscos nas instituições que falam parte desta rede.
Comissão Organizadora
Rafael Rossi
ANVISA
R3 Aline
RONALDO RUIZ
Comissão Científica