Pesquisa de natureza teórica que objetiva trabalhar a noção de Justiça como direito à palavra em Emmanuel Levinas. Tem-se, como metodologia, a pesquisa bibliográfica sobre o tema, principalmente no estudo da obra Totalidade e Infinito. Justifica-se a presente pesquisa a partir de uma reflexão acerca das relações humanas na atualidade, onde pode ser relevante trabalhar a noção de justiça dentro da ética, destacando-se aqui a ética levinasiana, que é uma relação entre o Mesmo e o Outro. O tema principal deste trabalho, a justiça, terá como ponto de partida um desafio fundamental: pensar a justiça em um outro plano, no qual esta possa partir das ações individuais, ou, mais especificamente, tratar de uma justiça anterior ao plano político, o que significa, no pensamento levinasiano, refletir sobre esta ideia no “plano ético”. Neste plano, a justiça se inicia no frente a frente, onde o Eu tem acesso ao rosto do Outro, e torna-se responsável por ele. Conforme Levinas, “a justiça social consiste em tornar de novo possível a expressão em que, na não-reciprocidade, a pessoa se apresenta única. A justiça é um direito à palavra”. Tal justiça social, neste contexto, não se confunde com a justiça no plano político, ou aquela justiça do âmbito jurídico, da lei ou, em termos levinasianos, do dito, mas sim se aproxima daquela justiça defendida aos pobres, aos exilados, às crianças, etc. A “justiça social”, aqui, pode ser colocada como a justiça no plano ético, o que pode ser reforçado por aquela ocorrer, como visto acima, na “não reciprocidade”. Esta equivale a uma relação à qual o Mesmo se responsabiliza pelo Outro, não necessitando que o Outro se responsabilize pelo Mesmo. Se esta relação caísse em uma reciprocidade ou uma simetria, teríamos assim uma totalidade, em que o Outro silencia. Diferentemente, a justiça no plano ético seria concretizada pelo direito do outro à palavra, ou um ter direito ao dizer, em que é permitido a ele se apresentar de forma única, não ficando, assim, apenas no dito do ser, que leva em conta uma totalização e reciprocidade. Justiça, palavra, linguagem e dizer, são assim, ideias relacionadas. A partir de todos os pontos apresentados, é necessário trabalhar a ideia de justiça no plano da ética tendo como ponto de partida as reflexões tratadas por Emmanuel Lévinas em Totalidade e Infinito. Essas reflexões no plano ético podem oferecer possibilidades para o desenvolvimento da justiça no contexto político social atual, onde se observa uma banalização da ideia de justiça.