Em 2007 o governo brasileiro, na tentativa de ampliar o acesso das mulheres à educação e à profissionalização, firmou com Canadá o Acordo de Cooperação Internacional para realização do Programa Mulheres Mil - Cidadania e Desenvolvimento Sustentável. O Programa foi inserido nas prioridades das políticas públicas do Governo Brasileiro, tendo como meta possibilitar o acesso à educação profissional e à elevação da escolaridade de mulheres em estado de vulnerabilidade social. Obtendo destaque em âmbito nacional o Programa Mulheres Mil foi desenvolvido no Instituto Federal do Maranhão e atendeu, no período de 2008 a 2014, cerca de quatro mil mulheres em todo Estado. Este trabalho analisou o Programa Mulheres Mil desenvolvido no IFMA tendo como objetivo contribuir com a avaliação institucional do Programa no que tange aos cursos ofertados para profissionalização de mulheres. A análise foi realizada a partir de documentos institucionais do Programa e de entrevista com os coordenadores/gestores. A pesquisa se insere nos debates acerca das contribuições das instituições de ensino no que tange a profissionalização de mulheres em estado de vulnerabilidade social. Constatou-se que o Programa oferece, em sua maioria, cursos voltados para áreas socialmente definidas como femininas, que muitas vezes não possibilitam mudanças reais na situação de vida das participantes. Conclui-se que as políticas de inclusão voltadas para o acesso das mulheres à educação e ao mercado de trabalho, embora promovam o bem estar social, em sua maioria, as direcionam para habilitações tradicionais, culturalmente tidas como femininas e não oportunizam autonomia, pois estão centradas em áreas de pouco retorno financeiro. Cabe, portanto, superar os elementos condicionantes da escolha dos cursos ofertados pelo Programa no IFMA, elementos estes não manifestáveis nas fontes escritas, mas arraigados nos padrões sociais onde as mulheres são destinadas a profissionalização em áreas pré-estabelecidas socialmente.