As comunidades quilombolas no Brasil distribuem-se em todo o território nacional. De acordo com dados da Fundação Cultural Palmares, das identificadas e certificadas no país, depois da Bahia, o Maranhão é o estado que concentra o maior número destas. Resultantes da resistência sócio-política e cultural, a maioria delas, situada em área rural, muitas vezes encontra-se sem acesso às políticas públicas, inclusive educação. Ao longo dos anos, muitas lutas foram travadas pelas representações sociais em prol da causa quilombola; dentre algumas conquistas, foram instituídas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, através da RESOLUÇÃO Nº 8 de 20 de novembro de 2012. Como evidencia Santomé (1998, p.131): “o papel da educação escolar é formar imagem livre de racismo e afirmar valores básicos necessários”. Para uma discussão/intervenção, elegeu-se esta temática como oportunidade de refletir acerca da educação escolar quilombola e sua importância para o desenvolvimento de práticas pedagógicas que venham respeitar e fortalecer a identidade cultural destes povos. O estudo objetiva analisar a importância da (re) construção de um currículo diferenciado para as escolas quilombolas de ensino fundamental, de modo a respeitar os aspectos locais e a realidade sociocultural das comunidades dos quilombos do município de Bequimão-MA. A pesquisa, resultante de projeto de Mestrado, encontra-se em desenvolvimento e contará com a participação das representações comunitárias, professores e gestores escolares das 11 (onze) comunidades quilombolas desse município, certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Os mesmos foram convidados a discutir e elaborar, de forma participativa, uma proposta de currículo diferenciado para suas escolas. Nos contatos iniciais com as comunidades, apresentou-se o projeto de pesquisa, obtendo aprovação e apoio por parte das lideranças. Ademais, como etapa de sensibilização, durante evento local, promovido pelo Movimento Quilombola de Bequimão-MOQBEQ, iniciou-se os primeiros registros das críticas e expectativas dos quilombolas em relação ao tema. Para isso, dois questionamentos foram feitos: 1. Qual a educação escolar quilombola que temos? 2. Qual a educação escolar quilombola que queremos? Obteve-se como respostas: 1. Uma educação sem um olhar diferenciado [...]; [...] não é trabalhado a realidade das crianças quilombola, alimentação inadequada; [...] ainda não temos organizada, estruturada [...]; Não temos uma educação escolar quilombola. 2. Educação que valorize a cultura da comunidade [...]; Educação adequada para a realidade do quilombo [...]; Queremos uma escola bem estruturada com professores capacitados e qualificados na área quilombola [...] conteúdos que estejam relacionados com a história dos negros e quilombolas. Desse modo, esta pesquisa visa incentivar o reconhecimento das identidades, a valorização da cultura e dos interesses/necessidades escolares das comunidades quilombolas da região.