Ao longo da história da humanidade o corpo foi (e continua sendo) objeto de especulação por parte de diferentes instituições sociais: Estado, Igreja, Família, Escola, Medicina, etc. Nossas representações sobre o corpo humano ainda estão impregnadas pela lógica biologicista, onde a anatomia e a fisiologia são as lentes quase que exclusivas para falar dele. Mas, existem outros olhares para o corpo humano. Falar sobre o corpo humano em suas dimensões biológica, médica, social, cultural e econômica é produtivo e significativo quando focalizamos as ações da Educação Física Escolar. Portanto, algumas questões são importantes problematizarmos: O que é o corpo humano para os professores? Como lidam com o tema “Corpo Humano”? O que dizem sobre o corpo humano? Entendemos ser relevante discutir o tema “Corpo Humano” na escola, pois Professores de Educação Física do Ensino Fundamental e Médio precisam ter uma visão ampla, contextual e crítica acerca desta temática. O professor de Educação Física é antes de tudo um profissional que trabalha com o corpo e para o corpo. Assim, é importante proporcionar aos seus alunos um olhar crítico e instigador sobre este tema que é ao mesmo tempo biológico, social e cultural. Desta forma, esta pesquisa apresenta os resultados de uma investigação de cunho qualitativo realizada com professores de Educação Física do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas da cidade de São Luís - Maranhão, cujos objetivos foram descrever e problematizar os discursos desses docentes sobre o tema “Corpo Humano”. A ideia que prevaleceu sobre o conceito de “Corpo Humano” entre os sete docentes entrevistados centrou-se no discurso do corpo biológico. Os conhecimentos de anatomia e fisiologia são utilizados para falar sobre o corpo. O que prevaleceu foi o discurso do corpo matéria, do corpo embriológico, do corpo fisiológico (e em movimento) e do corpo reprodutivo. Outro discurso presente nas representações docentes foi o corpo como “máquina”. Uma máquina anátomo-fisiológica que deve ser exercitada para não falhar. O corpo também foi percebido como uma estrutura que deve carregar a insígnia da “Saúde”. Assim, as atividades físicas são fundamentais para a manutenção da higidez e promover a “qualidade de vida”. A ideia de corpo cultural se fez presente nas representações docentes mesmo que de forma menos expressiva. Dessa forma, percebemos o quanto a Educação Física como epistemologia e a Educação Física Escolar como prática social podem (e devem) colaborar para uma educação contextual, crítica e problematizadora das questões biomédicas, sociais, culturais e econômicas sobre o corpo humano. Pois, conhecer o corpo é mais do que saber quais as suas partes e o que essas mesmas partes podem fazer. Devemos confrontar quaisquer ideologias que reduzam as possibilidades do corpo e que o fragmentem, sendo necessário compreender o processo de constante mudança que caracteriza o corpo.