Com o passar dos tempos, as condições de trabalho e o exercício da profissão de bordar, mudou. Antes, o bordar acontecia nos espaços familiares ou em pequenas associações, transmitidos informalmente aos familiares e interessados. O presente estudo tem como objetivo verificar como as mulheres que bordam em São João dos Patos – MA relacionam o artesanato, o trabalho e a ergonomia, afim de obterem qualidade de vida em sua produção artesanal. Informamos que o presente resumo apresenta resultados parciais da dissertação em elaboração, intitulada O avesso: limites e alcances da consultoria em design na Associação de Mulheres da agulha criativa – AMAC, no município de SJP, do mesmo autor, no âmbito do PPGDg-UFMA. O repasse do aprendizado do artesão geralmente se dá no seio familiar, através da educação informal, e no caso do bordado, as meninas aprendiam os primeiros pontos ainda na infância, por que antigamente, conforme contam as bordadeiras, “o melhor caderno era a linho e o melhor lápis era a agulha de bordar”. Ao longo do trabalho, investigamos esse bordar como oficio, onde a menina, ao mesmo tempo em que aprende, trabalha. Em conversas com essas mulheres, percebemos que sentem orgulho do ofício de bordar, embora afirmem “que a necessidade de ter algum dinheiro com esse trabalho é maior”. Mills (2009) ajuda a pensar a relação do artesão e seu trabalho. À medida que confere ao trabalho a qualidade de sua própria mente e habilidade, está também desenvolvendo sua própria natureza (MILLS, 2009). Essas reflexões teóricas são necessárias para evidenciar que o trabalho artesão não é definido apenas como um trabalho manual, mas pela capacidade e habilidade da criação do artesão e na sua identificação com o objeto a ser criado por ele. No trabalho artesanal, além dos aspectos culturais, também são transmitidos aspectos identitários de cada artesão, logo, aspectos pessoais subjetivos do produtor também estão inseridos na produção. De acordo com Keller (2011), o trabalhado do artesão é contemporâneo em sua presença na sociedade. Trata-se não apenas de um meio de sobrevivência, mas uma atividade que demanda habilidades e capacidades específicas, consideradas não apenas manuais, mas sobretudo criativas. Nesse sentido, caracterizamos o trabalho do design como uma atividade que correlaciona dimensões criativas e práticas. Concluímos entendendo que as bordadeiras de SJP ao relacionarem a produção artesanal, trabalho e a ergonomia no intuito de terem mais qualidade de vida, sentem dificuldades em alguns aspectos, como a forma de sentar, visto que as cadeiras usadas por elas são desconfortáveis, a visão também é outra queixa relatada, visto que o trabalho delicado de bordar “apura muito a vista” como dizem as mesmas. Mas por outro lado, se sentem felizes e realizadas no quesito auto estima, pois se consideram literalmente mulheres da agulha criativa.