No filme Arquitetura da Destruição (Architektur des Untergangs), do cineasta sueco Peter Cohen, encontra-se a instigante defesa da tese na qual os massacres e outras atrozes realizações do governo Nacional Socialista Alemão foram movidos, também, por um ímpeto orientado pelo julgamento estético, o qual, na mente de Adolf Hitler, teria como finalidade o embelezamento e a harmonização do mundo. Isto posto, neste breve texto, procuramos, através da análise da supracitada obra, refletir acerca da utilização da arte e do julgamento estético enquanto orientação à barbárie perpetrada pelo III Reich, utilização esta realizada por meio do uso intensivo dos aparelhos de propagação em massa. Por estes veículos, a estrutura própria para a espetacularização e centralidade da figura do Füher converte-se inteiramente numa montagem cinematográfica que procura registrar as capacidades oratórias do líder, assim como detalhes de sua postura e trejeitos, intercalados com o seu silêncio que abre espaço à reação extasiada do público que brada a saudação “Salve Hitler!” (Heil Hitler!). Para a reflexão em torno deste uso, travamos diálogo com Walter Benjamin e seu ensaio A Obra de Arte na época de sua reprodutibilidade técnica. Por fim, buscamos romper com o falso binarismo que propõe opor Progresso e Barbárie, dialogando proximamente com o texto benjaminiano Teses sobre o Conceito de História, identificando a partir das sugestões benjaminianas, nas ações do governo totalitário alemão, a racionalidade tipicamente moderna que lhe sustentou. Para difundir seu ideário, o Nacional Socialismo fez uso intenso das possibilidades técnicas cinematográficas disponíveis naquele momento histórico, assim como a tecnologia proveniente do desenvolvimento das forças produtivas no capitalismo (ciência e tecnologia) para eliminar os elementos considerados como indesejáveis do corpo social alemão (Administração total da morte) e para produzir o movimento da maquinaria bélica. Desta forma, consideramos que dissociar Barbárie Social e Progresso Técnico configura-se num problemático erro avaliativo produzido por uma visão da História que nos cabe denunciar.