O presente trabalho aborda alguns resultados de um estudo realizado acerca das variáveis sociais que influenciam e condicionam o processo de escolha profissional de determinados agentes, em especial da profissão docente. Participaram dessa pesquisa dezenove professores atuantes na rede pública de ensino fundamental maior do município de São Bernardo – MA, situado na microrregião do Baixo Parnaíba. Como procedimento metodológico, optou-se pela entrevista semiestruturada a fim de apreender o máximo de informações acerca da constituição de um conjunto de propriedades e recursos sociais, incluindo a posse de bens culturais e simbólicos, que direcionam escolhas profissionais em relação ao espaço dos possíveis das oportunidades de atividades e profissões disponíveis e acessíveis. A investigação detém-se sobre o exame das propriedades culturais, sociais e econômicas coletadas junto aos docentes entrevistados, buscando-se analisar os efeitos dessas disposições para a concretização das escolhas, tais como: origem social, nível de escolaridade, profissão exercida pelos pais e posse de bens culturais. Compreende-se que através do exame sobre a origem familiar e o percurso dos agentes pode-se avaliar o grau de intensidade dessas predisposições sobre a definição de carreiras profissionais, evidenciando-se que uma escolha não se vincula a uma construção individual, estrategicamente pensada e calculada, mas a uma ação coletiva e objetiva, socialmente erigida por meio da inculcação de um conjunto de disposições constituído pela aquisição de capitais em diferentes momentos dos itinerários. Sob esse prisma analítico, identificou-se algumas variáveis que interferem e contribuem para a realização da escolha das carreiras, enfatizando-se tanto as recompensas materiais quanto simbólicas. Desse modo, o estudo possibilitou observações acerca dos seguintes aspectos: os professores entrevistados apresentaram significativas semelhanças de origem e de trajeto vivenciadas antes da escolha profissional, evidenciando que os condicionantes estruturantes de opções por uma atividade ou ofício são muito menos atrelados a mecanismos de escolha racional quanto a fatores conjunturais e sociais que lhes direcionam ou possibilitam-lhes acesso a postos de trabalho disponíveis. Assim, essa oportunidade socialmente restrita de acessibilidade ao mercado de profissões está irremediavelmente vinculada a caracteres de origem social, pertencimento familiar, nível de escolarização e situação financeira dos agentes. Finalmente, as opções por carreiras profissionais, particularmente a docente, parecem estar em equivalência a um efeito de homologia das posições e disposições sociais dos pretendentes, que mais ou menos encaminha escolhas, preferências ou tomadas de posição como vetores sociais, onde os indivíduos tenderiam a já se habilitar às profissões consideradas “adequadas” ao seu perfil social.