RESUMO
A literatura é a arte da palavra, que inspira, diverte, sensibiliza, instrui e ensina, que alarga os horizontes, fazendo seus adeptos fugirem da inércia e vislumbrarem o poder da palavra. Assim, pensando no papel social desempenhado pela literatura engajada e ancorado nos estudos de Compagnon (2009), Cosson (2009), Schollhammer (2007), pretendemos analisar personagens femininas, em especial a menina na literatura infantil, enquanto agente impulsionante para a construção de princípios e valores, que determinam certas condutas. “Todas as obras literárias, em outras palavras, são “reescritas”, mesmo que inconscientemente, pelas sociedades que as lêem; na verdade, não há releitura de obra que não seja também uma “reescritura” (EAGLETON, 2006, 19). Partindo da obra Pretinho, meu boneco querido de Maria Cristina Furtado (2008), a qual elenca à personagem uma função social. Assim, esta análise não pretende ensinar, ou tampouco deleitar, mas refletir sobre valores sociais que coadunam com os literários, pois, como aduz Nelly “Mais do que valores estabelecidos, a literatura de hoje deve propor projetos de ação e estimular a consciência reflexiva e crítica de seus leitores, a fim de que eles encontrem a sua direção e tenham capacidade para encontrar um sentido para a vida” (COELHO, 1991, 237). Deste modo, a literatura desempenha um papel importantíssimo, atuando não só como um instrumento de diversão, mas, sobretudo, como um “guia de condutas” (COMPAGNON, 2009). É importante destacar que na obra a figura do negro é percebida em primeira escala, dando relevo a ideia de respeito e igualdade, por intermédio da personagem – menina - que norteia toda história. Ela evidência sua participação dando uma aula de “respeito” e “aceitação”, abarcando os ensinamentos da mãe, a qual defende e dar relevância as diferenças, pois é ela - as diferenças - que faz a vida ser legal. Cada um com suas diferenças se completam. Assim, dialogamos com (COSSON, 2009) quando diz que “a literatura ajuda a dizer o mundo”, a literatura humaniza e nos torna mais sensíveis, e ainda, nos faz pensar que “A verdadeira vida, a vida por fim esclarecida e descoberta, a única vida, pois, plenamente vivida, é a literatura” pela sua função engajada, enquanto instrumento, que ao mesmo tempo em que ensina, deleita. Destarte, a literatura é parte indissociável do indivíduo que a interpreta, e que só assim, poderemos realmente participar da dinâmica da vida, no talento do escritor de transfigurar, em arte, uma experiência humana. Pretinho, meu boneco querido é uma obra que possibilita um rio de pesquisas, que vão desde os aspectos sobre o preconceito, o bullying, a igualdade, a importância da diferença e o respeito multo. Aspectos esses que ajudam a educar as crianças de forma descontraída e imperceptível. A literatura neste caso possui um papel moralizante.