Investiga-se de que forma ocorreu a formação do arquivo sobre patrimônio cultural na cidade histórica de São Luís-MA, tendo auxilio nos Estudos Culturais e sua relação de transversalidade com a Análise do Discurso. Para melhor compreensão do tema buscou-se o conceito de arquivo dado por Foucault (2008), que o entende como o sistema que coordena o surgimento dos enunciados como eventos únicos, constituindo-se a lei do que pode ser dito. O aparecimento desses enunciados se dar por meio das práticas discursivas, no caso específico do tema deste estudo a prática que regula a formação de tal arquivo se constituiu por meio do discurso da preservação do patrimônio cultural, o que possibilitou o surgimento de enunciados que se formam e se transformam em benefício da salvaguarda do legado cultural deixado pelas gerações passadas, a fim de garantir o direito das próximas gerações de usufruírem desse importante patrimônio. Tais enunciados estão materializados em diversas formas, uma delas são documentos elaborados pelo poder público, em alguns casos com a participação da sociedade organizada, os quais representam avanços no que diz respeito à garantia dos direitos dos cidadãos. A formação do arquivo sobre preservação em São Luís foi precedida por órgãos e instrumentos da preservação do legado patrimonial em níveis mundial e federal, tais como Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) e a Constituição Federal (CF) de 1988. De forma específica, o processo de salvaguarda e manutenção do patrimônio cultural é de responsabilidade do poder público em suas três esferas (municipal, estadual e federal). O conjunto de instrumentos oficiais composto por leis, decretos, programas e projetos dessas três esferas constituem os elementos principais formadores do arquivo sobre a preservação do patrimônio cultural em São Luís. A preservação de tal patrimônio constitui um meio para formação e afirmação da identidade de um povo. Nesse sentido, os Estudos Culturais e a Análise do Discurso entendem que a identidade é formada por uma construção discursiva que se localiza em determinada conjuntura histórica. Dessa forma, entende-se que são os discursos que constituem e dão sentido às identidades, e, no caso específico do patrimônio cultural aquelas podem ser afetadas em decorrência do estado de preservação destes.