A presente mesa tem como objetivo analisar a obra Umbra, de Plínio Cabral, a partir de três diferentes abordagens: Ficção Científica, Memória e Ecologia. Por ser uma obra escrita em 1977, durante a ditadura militar brasileira, a obra traz em si um verdadeiro panorama de processo de modernização do Brasil nos anos 70. Apesar das representações negativas do efeito desastroso e de longa duração da modernização na vida das pessoas, a narrativa apresenta novas perspectivas para um mundo melhor. Cabral resiste à empreitada contínua dos discursos coloniais, explorando as suas contradições e lacunas e mostrando a possibilidade de revelar diferentes experiências, histórias e representações. Há na obra uma crítica explícita à ideia de que a tecnologia é capaz de renovar a natureza, tornando-a dispensável. Aqui, pode-se fazer uma ligação com as críticas ecofeministas de Merchant (2005) quanto às tentativas humanas de civilizar a natureza. A partir desta perspectiva, a ciência e a tecnologia estão restaurando o domínio humano e transformando assim a primitiva e desordenada natureza em civilizada. A narrativa de Umbra, longe de ser um mero registro de uma memória morta ou um arquivo histórico, é investida pelo que Nora (1993) chama de uma aura simbólica, visto que na relação dos indivíduos com a tecnologia é explicita uma tentativa de apagamento da memória, do passado vivido, percebido principalmente na alienação das pessoas. Dessarte, Figueiredo (2017) propõe que a memória entre nas categorias de análise literária, como compromisso que os escritores assumem diante da História e dos leitores.