O humanismo maranhense compreende a configuração de um ethos dialético e hermenêutico genuíno, composto de elementos teórico-linguísticos e práticos que ajudaram a formatar um conteúdo cultural característico, que favorece a abertura para um horizonte de interpretação singular da visão de mundo maranhense e brasileira. Argumentamos que, ao evocar conceitos, definições, poemas e palavras, trazemos como pressuposto necessário um operador ontológico, segundo qual, há uma conjunção entre o arcabouço prático-comunitário e teórico-linguístico do nosso próprio modo de vida. Interpretamos nas obras dos autores acima citados a manifestação de que cada língua carrega consigo um conteúdo histórico, uma concepção de mundo, um nexo entre a realidade, sua forma de pensamento e representação. É na manifestação da linguagem, do logos, que encontramos os elementos culturais e as formas de pensamento mais caras a uma comunidade, onde nos deparamos com a expressão do ethos da vida social e histórica. Interessa-nos, portanto, a íntima unidade entre linguagem, pensamento e modo de vida, que constitui o ethos dialético e hermenêutico que fundamentará nosso estudo acerca do humanismo maranhense. Esse horizonte de interpretação linguístico assume papel central na exploração dos elementos culturais, sendo um chamado irrecusável a nos conhecermos como povo, cultura e comunidade linguística, em suma, compreendermos o sentido da nossa própria história. É justamente sobre a égide do autoconhecimento histórico e da confecção de um horizonte de interpretação linguístico e cultural que possibilite uma compreensão de nós mesmos enquanto comunidade local com profundos reflexos na formatação da nacionalidade, é que estão inseridas estas notas sobre o humanismo maranhense. A ideia é trazer a tona elementos que permitam configurar uma perspectiva teórica- linguística própria, engenho característico da nossa formação histórico-social, para explorar os delineamentos típicos e característicos que emergem da nossa práxis. Nossa linha de argumentação vai ao sentido de destacar que o atributo mais característico do humanismo maranhense é ter se consolidado como um campo fértil do ethos dialético e hermenêutico presente na própria formação da brasilidade. Todo nosso esforço será exprimir, ainda que sucintamente, que esse caráter dialético e hermenêutico desenvolvido pelo humanismo radicado no Maranhão, favorece a exploração de um conteúdo cultural genuíno, motivando uma abertura a um pensamento nacional, tarefa complementar da nossa independência política e econômica.