SALVE AS CAIXEIRAS: um resgate à memória e tradição dos grupos de Caixeiras do Divino em Alcântara-MA.

  • Autor
  • Viviane Santos Mendes
  • Co-autores
  • Leandro Araújo Alves , Polyana Amorim Chagas
  • Resumo
  • A presente pesquisa tem como objeto de investigação a manifestação das Caixeiras do Divino e sua possível extinção no município de Alcântara-MA. O trabalho desdobra-se em levantamento bibliográfico sobre o tema, bem como entrevistas com personagens importantes para, além de conhecer o passado e o presente da manifestação, entender os fatores que sinalizam a possível extinção, a partir de sujeitos que vivenciam-na no dia a dia: as próprias caixeiras e os organizadores da Festa do Divino. Grupos de caixeiras são presença tradicional na Festa do Divino, evento demarcado no calendário do maranhense em quase toda a extensão do estado. Em Alcântara, na sua grande maioria, as caixeiras são de origem quilombola, idosas e provenientes de classe social de baixa renda, mulheres que sustentam as suas famílias por meio de trabalhos rurais ou aposentadoria. De acordo com Gomes (2017), como esse “ofício” é repassado de geração a geração, as caixeiras mais antigas têm encontrado dificuldade para transmitir a tradição às meninas mais novas, pela falta de interesse das jovens (ABREU, PACHECO E GOUVEIA, 2005). Assim, surgiu a problemática: quais são as implicações do desaparecimento dos grupos de caixeiras para a realização da festa do Divino em Alcântara? Entende-se que os grupos de caixeiras, embora não sejam a única atração da Festa do Divino, constituem parte identitária daquilo que se reconhece e denomina como Festa do Divino. Acredita-se que o possível desaparecimento da manifestação incorrerá no desaparecimento ou distorção da Festa do Divino. Percebeu-se que as causas do desaparecimento dos grupos de caixeiras na Festa do Divino também se dão pela falta de políticas culturais e turísticas pelo poder público local a essa cultura popular. Para Stuart Hall (2003), as manifestações da cultura popular de um local atuam como formas de resistência ao processo de homogeneização da cultura que pauta a globalização.  Hall enfatiza que a cultura popular, da qual emerge uma das identidades culturais, deve ser concebida como “um processo pelo qual algumas coisas são ativamente preferidas para que outras possam ser destronadas. Em seu centro estão as relações de força mutáveis (p. 257-258) ”. A concepção de que a cultura popular é, portanto, mutável e o mapeamento dos fatores que levam a essa mutação nos ajudam a compreender o processo histórico e social dos grupos de caixeiras dentro da comunidade e quais motivos socioculturais podem levar a sua extinção. Junto a isso emerge a questão do pertencimento. É Bauman quem nos diz que o sentimento de pertencimento não é “sólido como uma rocha”, pelo contrário, “são bastante negociáveis e revogáveis, e de que as decisões do que o próprio indivíduo toma, (...), são fatores cruciais tanto para o pertencimento quanto para a identidade (2005, p. 17)”. O autor reforça que “as identidades ao estilo antigo, rígidas e inegociáveis, simplesmente não funcionam (p. 33)”.  

  • Palavras-chave
  • Caixeiras do Divino, Identidade Cultural, Cultura Popular, Pertencimento.
  • Área Temática
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