Estudo sobre as representações do sertão e dos sertanejos maranhenses presentes nos jornais de algumas cidades sertanejas, nos anos de 1900 a 1920, período que corresponde à República Velha. Mais precisamente, nos jornais O Lábaro (1900), Correio do Sertão (1903-1905), Jornal do Commercio (1908-1911), Gazeta de Picos (1905-1913), O Tocantins (1914-1920) e O Sertão (1921). Os três primeiros foram publicados em Caxias, os demais, respectivamente, em Picos, Carolina e São Luís. Propõe-se uma reflexão sobre as noções de representação, identidade e região, com o objetivo de compreender os processos de construção de sentidos em torno dessas categorias. Desta forma, atenta-se para as diversas formas de interpretar uma realidade social, buscando explicitar a sua invenção e construção histórica. Recorremos ao conceito de representação proposto por Roger Chartier, para o entendimento da categoria sertão, vista como uma representação criada pelos discursos que possibilitam a sua construção enquanto realidade. Sobre as noções de identidade citamos os pressupostos teóricos de Manuel Castells, Stuart Hall e Pierre Bourdieu com vistas a compreender os discursos que significam representações de pertencimento, reconhecimento e legitimação de uma diferença, envolvidos em disputas e relações de poder. Michel Foucault e Michel de Certeau embasam as discussões em torno das noções sobre região, por meio das diversas maneiras de interpretar as ações demarcatórias dos espaços. Nestes jornais, observam-se discursos permeados por expressões de abandono, esquecimento, isolamento, desconhecimento, referência às formas como o sertão maranhense é representado pelos sertanejos Procura-se identificar a maneira como os sertanejos percebem essa realidade social, por meio dos discursos contidos nesses periódicos.