O presente trabalho tem por objetivo demonstrar a relação entre textos teóricos e filmes produzidos por Guy Debord, considerando-os como meios de compreensão, resistência e comunicação frente a sociedade espetacular. Nossa hipótese é que existem traços comuns nos trabalhos do autor francês, executados a partir do método do desvio (détournement), tanto na forma escrita quanto na forma audiovisual, sendo ambas as formas momentos de um único e mesmo projeto estratégico de enfrentamento das condições gerais do capitalismo tardio. A proposição apresentada fundamenta-se sobretudo nas inúmeras passagens existentes no seu Magnum Opus, A Sociedade do Espetáculo (1967), que nos permitem observar a insistência em conceitos centrais como totalidade, existência total, teoria prática, caráter unitário, pensamento unitário da história, crítica total da separação, condições de unidade, crítica unitária etc., em confronto direto com os conteúdos e formas presentes em seus filmes, sobretudo em Uivos Para Sade (1952), Sobre a Passagem de Algumas Pessoas Através de Uma Curta Unidade de Tempo (1959) e Crítica da Separação (1961). O intuito da pesquisa centra-se, portanto, na tentativa de demonstração de que a sociedade do espetáculo só poderá sucumbir diante de uma teoria que, para além de ser prática, esteja dotada de unidade consigo mesma em suas diversas manifestações.