A linguagem da política hodierna fez com que o uso do termo “emancipação” se tornasse habitual nas mais diferentes esferas da vida cotidiana. Uma razão para tanto, deduz-se do fato de que as culturas das sociedades ocidentais começam a ser, ainda que, não de direito, sempre mais pluralistas frente aos arranjos conservadores do pensamento tradicional. No que concerne à literatura filosófica, no entanto, – muito embora as discussões referentes à filosofia prática estivessem e ainda estejam em voga – parece que uma possível qualidade do filosofar, em produzir efeitos práticos na vida humana na forma de uma “emancipação”, seja afinal, apenas uma expectativa. Ainda que, já possamos sentir os efeitos do niilismo e da crise do humanismo do século XX, como uma consciência sempre e cada vez mais clara, que o mundo verdadeiro dos valores supremos tornou-se fábula (Nietzsche), a prática filosófica ocupa-se ainda em re-apropriar os valores divinos em vista de princípios distantes da realidade factual, preservando, em certa medida, as velhas estruturas do pensamento. A filosofia, nessa conjuntura, por tanto, permanece enclausurada apenas ao seu uso acadêmico. De outro modo, o “aspecto emancipatório da filosofia” é algo cuja filosofia fraca, descrita pelo filosofo italiano Gianni Vattimo, pretende-se defender, posto que, possibilita o entrelaçamento das perspectivas de Heidegger e Nietzsche na retomada dos ideais da ontologia da diferença e do socialismo real. Em vista disso, objetivamos circunscrever o termo emancipação no contexto da filosofia fraca, uma vez que, em vista dessa forma de pensamento, o significado de filosofia prática passa a se atrelar a libertação dos conteúdos da verdade objetiva. Ora, na medida em que, percebamos os efeitos do enfraquecimento da filosofia, podemos começar a nos darmos conta que a verdade não é algo como um requerimento de adequação, mas sim, que a verdade, em sua essência, é liberdade de fato.
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