Os homens no trabalho: da carpintaria naval aos corantes naturais. Este trabalho trata do registro dos processos da cadeia produtiva da carpintaria naval artesanal e da utilização de corantes naturais presentes na vila de São João de Côrtes, Alcântara – MA. Há uma abordagem qualitativa descritiva, em um estudo de campo etnográfico, com técnicas de observação participante, sobre as práticas tradicionais e rotinas de trabalho que caracterizam esse povoado e seus moradores, assim como informações obtidas de entrevistas contextualizadas com perguntas indiretas com os artesãos, essencialmente do sexo masculino, que são detentores de conhecimentos transmitidos por várias gerações, conferindo-lhes identidade. Apresentam-se as mudanças ocorridas na última década, com a presença constante da energia elétrica na vila, que possibilitou o trabalho auxiliado por equipamentos, onde a organização e outras estratégias ajudaram a reduzir o impacto das atividades na saúde e promoveram maior desempenho laboral. Também são abordados aspectos referentes à continuidade do trabalho na carpintaria naval, uma vez que os jovens não mostram interesse nesta atividade. Como consequência observa-se que os barcos grandes que utilizavam velas coloridas com corantes naturais não são mais fabricados, já que a maioria dos artesãos é idosa e limita-se a construir canoas. Assim, este trabalho tem como objetivo apresentar a atuação do designer em interpretar as ações produtivas e dialogar com as interações entre os artesãos e seus produtos, contribuindo com mapeamento das práticas que envolvem as atividades e, em conjunto com os artesãos, expõe sugestões de sucessão dos saberes tradicionais na carpintaria naval e na utilização de corantes naturais, com resultados preliminares de uma proposta de revisitação das técnicas de tingimento natural para colorir tecidos.