No século final XIX a história encontrava-se em grande proeminência. Em 1876, por exemplo, o lançamento da Revue Historique, com o manifesto de Gabriel Monod, afirmava categoricamente: “nosso século é o século da história”. Se auto reconhecendo como “a rainha das ciências”, a disciplina travava, deste lugar privilegiado, uma relação de superioridade com outros campos de saber; eles eram “ciências auxiliares”. As críticas não tardaram, vindas principalmente da sociologia, mais exatamente a durkheimiana, que via os historiadores com desprezo. O apego à política contada através de nomes próprios e fatos isolados, sem teoria ou analise conjuntural, apenas uma narrativa descritiva, era o olhar que a sociologia aplicava a história, comparando-a a uma compilação anedótica de curiosidades. Nas primeiras décadas do século XX, os historiadores ligados ao movimento dos Annales, assimilaram parte das críticas e promoveram significativas mudanças. Entre elas, destaca-se uma postura interdisciplinar no ofício do historiador. A história passou a desenvolver um dialogo mais próximo e amistoso com as demais áreas de conhecimento e, desde então, vem renovando seus parceiros na medida em que a própria disciplina se expande. Grosso modo, do início do século XX ao momento atual, antigos e consagrados parceiros como a geografia, a sociologia e a economia deram lugar, como ascensão dos estudos culturais, a um dialogo mais intenso com a literatura, a antropologia simbólica e a linguística. Esta comunicação buscar acompanhar tais transformações da disciplina história e refletir sobre suas interlocuções com outros campos de conhecimento.