O design por muito tempo foi relacionado ao luxo, e como atividade que participava somente da produção do objeto na fase relacionada a aparência do produto. Nas últimas décadas essa situação vem mudando, o design passa a adotar “uma visão sistêmica, que se confronta com a complexidade das redes sociais, que desenvolve uma capacidade de escuta, que atua dentro dos fenômenos da criatividade e do empreendorismo difusos que caracterizam a sociedade atual” (Krucken, 2009, p.14). Passando o designer a atuar em várias áreas não mais como detentor do conhecimento, mas como ser participativo em todo processo. Nessa perspectiva, o Projeto de extensão “ARTESANATO NO MARACANÃ: utilização da semente de juçara na produção artesanal”, realizado pelo Núcleo Pesquisa em Inovação, Design e Antropologia – NIDA, do curso de Design da Universidade Federal do Maranhão, tem como objetivo utilizar a semente de juçara (açaí) em produções artesanais, tendo o design como mediador do processo, baseado na metodologia do design etnográfico incorporando à pesquisa de design, os fundamentos da etnografia, conhecimento da antropologia e a etnografia aplicada ao design (NORONHA, 2012) o que possibilita colocar o designer não como um agente centralizador, detentor do saber, mas de se posicionar como mediador entre as artesãs, em igual proporção e peso de decisão. O trabalho “Artesãs criativas: processo de criação de biojoias” é parte desse projeto, ocorrendo após as etapas de beneficiamento da semente (coleta, lavagem, secagem, lixamento, furação, imunização, tingimento e polimento), onde trata-se, em especial, de todo processo de criação das biojoias, que vai desde a escolha do tema até a execução das peças. Nesta etapa utilizou-se a metodologia Manzini (2008) que aborda sobre comunidades criativas e para a escolha de ferramentas de criatividade baseou-se em Siqueira (2015). Dessa forma realizou-se palestra, exercícios de resgate de memória, repasse de técnicas artesanais, resultando na materialização de uma coleção para exposição e venda.