Com as Revoluções Industriais a humanidade passou, em um curto período, por diversas transformações político-sociais em decorrência de descobertas e inventos científicos. Entra-se no Século XX com o entusiasmo pela ideia de modernidade vinculada ao desenvolvimento industrial. Porém, tal entusiasmo logo é obliterado pelos inúmeros conflitos e barbáries que marcariam esse século como o século dos extremos, ou, nas palavras do historiador Eric Hobsbawm (1995): a “era das ilusões perdidas". Os filósofos Adorno e Horkheimer indagam por qual motivo “a humanidade, em vez de entrar em um estado verdadeiramente humano, está se afundando em uma nova espécie de barbárie (2006, p.11). Buscando tal resposta, estes filósofos, da chamada Escola de Frankfurt, investigam o processo de racionalização que se opera desde tempos remotos, quanto o homem ainda explicava o mundo através dos conhecimentos míticos. Para os filósofos o projeto de dominação da natureza converteu-se na dominação do homem pelo próprio homem. A razão instrumentalizou-se, perdeu sua capacidade crítica, transformou-se em instrumento de dominação e alienação. O presente trabalho intenta analisar como se configura a crítica à ideia de progresso vinculada ao desenvolvimento técnico científico, compreendendo como este, aliado ao pragmatismo tecnicista, veio a reprimir a emotividade e a negar as motivações irracionais humanas, culminando no processo de desumanização. Como objeto de estudo apresentamos a peça A fábrica de robôs do checo Karel Tchápek, publicada em 1920. A peça fora encenada pela primeira vez em 1921, causando alarde, pois traz a temática da crítica aos avanços técnicos-científicos que ameaçavam a vida humana. Antes mesmo de se ter a ficção científica como um gênero autônomo, Tchápek percorre por temas que serão explorados ad nauseam por autores como Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Philip K. Dick, Aldous Huxley, Orwell, ou mesmo os brasileiros como André Carneiro, Ivan Carlos Regina e Bráulio Tavares. Nas obras desses autores surgem preocupações com as aplicações da ciência e tecnologia no mundo moderno, este “progresso”, prenhe de otimismo de prosperidades da humanidade, que é revertido em destruição e dominação.