Na busca por um melhor entendimento da concepção musical de Jean-Jacques Rousseau, devemos considerar, antes de tudo, questões fundamentais levantadas pelo referido filósofo sobre a origem das línguas. Ao examinar sobre os elementos fundamentais da língua original, Rousseau conclui que esta língua é rica de ritmo, acento e melodia. Nesse sentido, as primeiras línguas do homem eram como canção, uma mescla de canto, poesia e imaginação. No princípio, “dizer e cantar era o mesmo”, uma vez que o princípio comum das línguas e da música é o acento, meio pelo qual as inflexões da voz são moduladas em função da variedade de sentimentos de quem o exprime. Segundo Rousseau, para comover um jovem coração, para repelir um agressor injusto, a natureza dita acentos, gritos, lamentos, ou seja, o acento está estritamente ligado a cada tipo de sentimento que se deseja exprimir. Na concepção linguística e musical rousseauniana, a melodia inerente à língua falada condiciona a melodia das canções. O objetivo principal deste trabalho é apresentar a identidade comum da música e das línguas, bem como as razões que levaram a degeneração das línguas e, consequentemente, da música, a partir da instituição da linguagem convencional e do elemento harmonia. Neste trabalho focamos nossa atenção nos aspectos temporais. O vetor temporal tem como relação comum a origem das línguas e da música, e de como a língua impacta a música sob os aspectos estéticos e de sonoridade. Para tanto, utilizamos subsídios extraídos das obras: Ensaio sobre a origem das línguas, o Emílio e, o segundo Discurso.