Assim como diversos mass media, o cinema também comunica e ajuda na formação de um diálogo sobre os aspectos sociais de uma região. Por esta perspectiva este estudo pretende perceber como o cinema de baixo orçamento possibilita o alcance de um maior número de pessoas, usando a linguagem cinematográfica como meio de disseminação para novas ideias. Esta pesquisa nasce de um recorte de um Trabalho de Conclusão de Curso. Nosso objeto de estudo, é o filme maranhense Muleque té doido 1. A escolha se deu por permitir uma forte ligação do modo de criação desse filme com o Cinema Novo. Essa produção reflete sobre personagens genuinamente maranhenses, de hábitos simples, tendo como pano de fundo a Ilha de São Luís. O objetivo é fazer uma análise comparativa do movimento cinematográfico Cinema Novo com o filme maranhense Mulegue té doido e encontrar pontos de contatos existentes entre eles. Outro objetivo desta pesquisa foi sugerir um alargamento na discursão quanto a uma nova possibilidade de criação de filmes de baixo custo com a intenção de mostrar como a sétima arte pode conversar com o povo em seus reais ambientes de sobrevivência. Pela ausência de grandes equipamentos, um fortíssimo meio de driblar essa falta, é exatamente o fato de ter uma extraordinária ideia. Este elemento pode ser notado no filme, que ao longo da história mostra assuntos mais humanos, mais naturais, temas do dia a dia que dão qualidade ao filme não pelos tons técnicos, mas pela forma criativa de abordar conteúdos do cotidiano e transformá-los em temáticas engraçadas de se ver, já que é um filme que traz um horizonte humorístico. O regionalismo, que é outra ferramenta do Cinema Novo é percebido em alguns ingredientes já típicos da nossa cidade, como a gangue da bota preta, a lenda da serpente, que segundo a lenda, a Ilha de São Luís é cercada por uma grande serpente, que está em constante crescimento é quando ela encostar a sua cabeça na calda, toda Ilha de São Luís afundara. Expressões como éguas muleque, vou te dali um bogue, dali se tu for macho, qualira e diversas outras palavreados “ludovicês” que é colocado no filme de forma intencional, dão mais força as particularidades locais. Outra forma de revelar o regionalismo em um filme feito com base no cinema novo é mostrar em cena, alguns lugares específicos da cidade onde é gravado o filme. Com base nisso, em alguns trechos são exibidas áreas muito peculiares da nossa capital, a Fonte do Ribeirão, partes do Centro Histórico e o Palácio dos Leões. Antes, se pensava que para fazer um filme era preciso bastante dinheiro, porém com o fortalecimento da internet muitos têm enfraquecido esse tipo de pensamento. Por fim, entendemos que nesse novo estilo de criação de filmes, podemos fazer um ajuste no estilo de conversação entre a sociedade e seus criadores, ao tempo de reinventar novos conceitos e saber dar uma nova leitura para as mazelas sociais.