A não distinção entre o que público e privado é um traço historicamente marcado e predominante na identidade cultural brasileira. Essa relação dúbia pode ser observada na literatura nacional que alcançou destaques de diversas maneiras através de personagens que se assemelhavam a verdadeiros heróis às avessas ou anti-heróis. A música, artes e outro segmentos sociais também estão inseridos neste contexto polissêmico que envolve a relação público-privado. É, portanto, a partir dessa observação que se propõe discutir o conceito de patrimonialismo no Brasil, ressiguinificando-o sob a perspectiva do jornalismo digital em rede. Nesta perspectiva, este artigo objetiva fazer um recorte teórico-analítico partindo de marcas e/ou traços da cultura brasileira, como o da plasticidade, da malandragem, do jeitinho, materializados no patrimonialismo, clientelismo, corrupção etc., que foram forjadas junto com os portugueses, mas que são ressignificadas no jornalismo que se faz na atualidade. O interesse específico é perceber os modos operandi das dinâmicas produtivas do jornalismo online que se relacionam diretamente com o patrimonialismo. Desse modo, desenvolvemos uma pesquisa de cunho qualitativa-interpretativa, respaldada em autores como Bruhns (2012), Luís de Sousa (2008) Sérgio Buarque de Holanda (2011), Roberto Da Matta (1997) e Jessé de Souza (2000, 2016), Habermas (2004) para pensarmos os conceitos de patrimonialismo, discutirmos a formação da cultura e entendermos a relação disso com o jornalismo que se faz on line.