A Festa do Divino Espírito Santo é de origem europeia, no entanto, foi largamente difundida no mundo. No Maranhão o culto ao Divino é marcado por diversas peculiaridades, dentre as quais, o sincretismo entre o catolicismo e o Tambor de Mina. Neste sentido, a celebração é considerada uma das principais festas do calendário do Tambor de Mina em São Luís e em outros municípios do estado. É muito comum uma vez por ano as Casas de Culto Afro organizarem um grande festejo em homenagem a terceira pessoa da Santíssima Trindade.
O fato desta Festa ser muito comum nos terreiros Maranhenses nos leva a pensar na importância da Celebração ao Divino Espírito Santo para a religiosidade local. Destaca-se que para a efetivação dessa pesquisa fez-se o uso de “saberes locais” dos participantes da Festa, principalmente das caixeiras que são membros ativos do corpo do festejo. Não é considerado prioridade julgar a veracidade do conhecimento perpassado, mas associá-los a realidade das Festas e interpretar seus símbolos "em seus próprios termos" (GEERTZ, C. 1926, p. 13).
A pesquisa é norteada pelas seguintes questões: De que forma o culto ao Divino Espírito Santo impacta o coletivo? Como se dá o processo de abertura da casa à comunidade durante os festejos? Como são formadas as redes sociais nos terreiros através da Festa do Divino? Desta forma, o objetivo principal dessa pesquisa é analisar os símbolos, as crenças e as representações envolvidas na Festa para a compreensão da identidade religiosa dos grupos que a organizam. Busca-se também fazer uma ponderação crítica da realidade vivenciada pela comunidade na qual a celebração é realizada.
O Universo da abordagem gira em torno das Festas realizadas ao Divino Espírito Santo em Casas de Culto Afro - mais especificamente nos terreiros de Mina. Partindo desses pressupostos, pode-se afirmar que esta pesquisa visa abranger rituais religiosos, realizados em Casas de Culto Afro do Tambor de Mina, ou em casas particulares.
Esta análise é justificada no aprofundamento do conhecimento científico e também na tentativa de expansão da reflexão política. A fim de enxergarmos com maior clareza os processos de estruturação existente nos grupos visitados. Neste sentido, Geertz (1978) afirma que não devemos apenas descrever acontecimentos sociais, comportamentos, etc., mas interpretá-los dentro do contexto em que se encontram, de maneira que façam sentido a alguém que esteja à parte dessa sociedade.