POESIA E SUBJETIVIDADE: CONSIDERAÇÕES SOBRE A POESIA “DO DESEJO” DA POETISA HILDA HILST A PARTIR DA HERMENÊUTICA GADAMERIANA
Andréia do Nascimento Cavalcante
Eixo 2: Gênero, Literatura e Filosofia
Orientador: Almir Ferreira da Silva Júnior
Instituição: UFMA/Programa de Pós-Graduação em Psicologia
andreiacavalcante28@hotmail.com
Em nossa experiência cotidiana da vida, somos incessantemente convocados e interrogados a definir o lugar de onde falamos, lugar este que pretende ser fixo e estável, posto que nos é cobrado uma definição daquilo que nos identifica enquanto sujeitos no mundo. Há, no campo da psicologia, um vocabulário comum e recorrente com o qual nos referimos à dimensão psicológica do humano, qual seja, o conceito de subjetividade, que é um desses conceitos vastos, imprecisos, usado para expressar essa instancia interior e singular a cada sujeito. É um percurso comum às ciências humanas contemporâneas recorrer aos princípios que as constituíram enquanto tais, passando necessariamente pelo período histórico-filosófico denominado Modernidade, que trouxe como paradigma norteador a subjetividade, orientada pelos princípios modernos da racionalidade, da autonomia e do progresso. Esse paradigma, no entanto, vem sendo questionado enquanto via única e verdadeira de pensar o humano, e novas possibilidades de pensar o humano a partir da linguagem estão emergindo. Nessa perspectiva, a arte poética ocupa um lugar privilegiado e surge como uma experiência de linguagem que traz uma declaração de verdade, que difere do objetivismo materialista de um sentido unívoco e completo do ponto de vista positivista, mas que acontece a cada vez, a cada encontro entre o humano e a obra. O objetivo desse trabalho, de caráter hermenêutico-filosófico, consiste em analisar a expressão da palavra poética como expressão de subjetividade, cuja singularidade constrói uma concepção de subjetividade que escapa aos princípios modernos. Para tanto, partiremos do arcabouço teórico da hermenêutica gadameriana que articula uma crítica à noção de subjetividade moderna, privilegia a arte como experiência de verdade, e contempla a relação entre filosofia, literatura e poesia pela primazia de uma declaração atualizada de verdade; o que também se revela na manifestação da verdade da palavra poética. Tendo em vista que a compreensão hermenêutica se constitui uma filosofia prática, nos debruçaremos sobre a obra da poetisa brasileira Hilda Hilst intitulada “Do desejo”, com o fito de apresentarmos o labor da arte poética no trato do humano.
Palavras-Chave: Subjetividade; Poesia; Hermenêutica; Hilda Hilst;