A modernidade enalteceu o primado da ciência como a única forma de conhecimento capaz de erigir um discurso verdadeiro a respeito do mundo, o que gerou como consequência, o fato dessa racionalidade ter relegado o conhecimento proveniente da tradição a um resíduo histórico, desprovido de importância fundamental para a compreensão a respeito das experiências que integram o mundo da vida humana. Todo o projeto moderno pode ser definido, desse modo, como a tentativa de, a partir da formulação do método, alcançar a verdade; o que limita as experiências existenciais ao paradigma preconizado pela ciência moderna. No contexto educacional, tal racionalidade representa a limitação das possibilidades do diálogo com diferentes demandas componentes da existência humana em toda a sua plenitude. O presente estudo, de caráter hermenêutico-filosófico e fundamentado no pensamento de Hans Georg-Gadamer, tem como propósito a crítica à racionalidade científica que se insere no processo educacional do ensino de filosofia, no nível médio, a partir da reconsideração da arte como experiência de verdade. Desse modo, articula-se não apenas a discussão sobre a educação nos tempos da racionalidade moderna, como também suas implicações no ensino de estética, contemplado pelo ensino de filosofia em nível médio. Destaca-se a relevância das reflexões sobre a verdade da arte considerando a mesma como possibilidade de abertura no horizonte da dimensão humana; o que por vezes é subtraído pelo ensino mais tradicional que privilegia um exercício de habilidades e competências pautado na reprodução de práticas mais voltadas à apropriação de uma racionalidade técnica e conteudista. A reflexão filosófica e educacional, sustentada na valorização da dimensão estética, tem como finalidade reabilitar a arte como espaço de abertura dos horizontes da existência humana, tendo em vista propiciar um ambiente educacional que valorize as experiências históricas e tradicionais dos alunos, assim como a manifestação dos seus sentimentos.