Da “expressão à literalidade”: um encontro entre filosofia, literatura e psicanálise no pensamento de Gilles Deleuze

  • Autor
  • Flávio Luiz Freitas
  • Co-autores
  • Jamys Alexandre Ferreira Santos , Lorena Rodrigues Guerini , Márcio José Aráujo Costa
  • Resumo
  • O objetivo da presente mesa redonda consiste em explicar o itinerário ou percurso do pensamento de Gilles Deleuze entre duas noções: “expressão” e “literalidade”. Para tanto, caracteriza-se a concepção de expressão com base na “Introdução” do livro, de 1968, intitulado Espinosa e o problema da expressão. Em seguida, a partir do capítulo 10 do referido trabalho, mostra-se a relação entre a expressão e a univocidade, bem como a relevância dessa relação para o desenvolvimento do projeto denominado de “crítica e clínica”. Consequentemente, no momento posterior, destaca-se a importância da literatura para a filosofia de Gilles Deleuze em semelhante projeto, compreendendo a escrita literária como a criação de uma linha entre a vida não orgânica sem linguagem até a concretude de um ato de resistência, na qual é possível frisar a tentativa de recuperar tanto a vitalidade da política, quanto a vitalidade da psicanálise. Nesse sentido, frisa-se a contribuição de Deleuze e Guattari para o debate psicanalítico-filosófico a respeito das relações entre sujeito, corpo, linguagem e psiquismo. Essa contribuição consiste em colocar no cerne das investigações sobre o corpo, a experiência da fragmentação esquizofrênica mediante o conceito de "corpo sem órgãos" retirado de Antonin Artaud. Em vez de priorizar os casos de psicose paranóica, como haviam feito Freud, com o caso Schreber, e Lacan, com o caso Aimée. Com o corpo sem órgãos não há mais distinção entre corpo e linguagem, por isso ambos serão revirados pelo avesso para poderem ser, finalmente, reinventados. Por fim, conclui-se que, a partir de um paradigma estético-ético, a literalidade permite conceber a clínica como cartografia, em que a separação sujeito-objeto e suas predicações fixas perdem pertinência. Deve-se acompanhar literalmente a maneira como cada vida expressa singularmente o seu mundo, onde os termos ganham sentido uns pelos outros, numa expressividade ou discurso indireto livre que manifesta a própria produção do inconsciente: a associação livre entre corpos e incorporais. Esse processo real de produção de realidade é literal, pois em seu devir abole a separação entre o próprio e o derivado no pensamento e na linguagem, privilegiando as relações novas entre os termos e a colocação dos problemas.

  • Palavras-chave
  • Deleuze; filosofia; literatura; psicanálise.
  • Área Temática
  • integraram
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