TÓPICAS DA TEMPORALIDADE NA POESIA CONTEMPORÂNEA DE LÍNGUA PORTUGUESA

  • Autor
  • FRANCIELE DOS SANTOS FEITOSA
  • Co-autores
  • RAFAEL CAMPOS QUEVEDO
  • Resumo
  • Durante a tradição clássica a imitação de modelos e formas literárias alimentava a produção dos artistas, a poesia era, sobretudo, imitativa. Um poeta, para ser classificado como bom, deveria saber imitar o que os seus mestres faziam. Posteriormente, com o romantismo, é a ideia de originalidade que se impõe como critério para a criação, pois o movimento romântico defendeu uma literatura acima de tudo original e propôs que os lugares-comuns não deveriam mais ser utilizados como parâmetro para a criação. Entretanto, apesar dessa grande ruptura romântica com o clássico, há na poesia contemporânea a recorrência de topói líricos, o que põe em xeque o conceito de o que é ser original em literatura e se realmente é possível sê-lo. Importa-nos, no entanto, demonstrar que mesmo depois da descontinuidade romântica com o tradicional, ainda há na poesia atual autores que se valem de lugares-comuns da lírica clássica para compor suas obras. O topos ou lugar-comum, conforme nos informa Ernst Robert Curtius em seu livro “Literatura Européia e Idade Média Latina” (1979), é proveniente da literatura antiga – da lírica principalmente – e são comumente visitados por poetas de várias épocas, inclusive da atualidade. Desta maneira, no decorrer de toda a pesquisa, buscou-se investigar a recorrência dos lugares-comuns carpe diem e exegi monumentum na poesia contemporânea. O carpe diem, presente na ode n° 11 do Livro das Odes de Horácio significa viver o dia, colher o dia, ou seja, aproveitar o hoje, viver o momento e deixar de se preocupar tanto com o futuro. O exegi monumentum, por sua vez, foi uma expressão utilizada por Horácio em sua Ode 3.30 que ressalta o caráter imortalizador da poesia. Interessa-nos, contudo, demonstrar a maneira como autores modernos, mesmo depois da originalidade ser parâmetro para criação, valem-se dos lugares-comuns consagrado por Horácio, manipulando-os e dando a eles novas direções semânticas ao colocar seu talento pessoal e as ideias de sua época. Para tanto, usa-se como referencial a obra “Lírica e lugar-comum” de Francisco Achcar (1994), que traça a genealogia das tópicas do tempo desde suas primeiras formulações nas epopeias antigas, passando pela cristalização realizada por Horácio até versões modernas das referidas tópicas.

  • Palavras-chave
  • Poesia Contemporânea, imitação, carpe diem, exegi Monumentum.
  • Área Temática
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