Este trabalho objetiva investigar o processo de busca e formação do eu a partir da perspectiva dos estudos sobre espaço e sujeito no conto “A terceira margem do rio”, da obra Primeiras estórias, escrita por João Guimarães Rosa (1962), tendo como pressuposto teórico e crítico os estudos de Yi-Fu Tuan (2012), Vincent Berloulay e J. Nicholas Entrikin (2014). Trata da história de um homem, descrito como um pai e esposo exemplar, ordeiro e cumpridor de suas obrigações, sendo assim desde sua juventude. A narrativa é marcada por uma ruptura nessa ordem inicial assim que o homem decide mandar fazer uma canoa para si. É nessa canoa que, vale ressaltar, construída de forma a suportar longos anos dentro d’ água e a caber apenas uma pessoa, apenas o remador, que o homem parte em sua viagem/busca, que não é territorial, visto que o homem permanece entre as margens do rio durante todo o conto, mas identitária e, além disso, espiritual. Observa-se na narrativa a representação do espaço (rio) explorado pela personagem central (o pai) em sua busca. Além disso, no que implica o afastamento desse homem de seus familiares. Para Tuan, percepção, atitudes e valores, preparam-nos primeiramente, a compreender nós mesmo. Partindo desse princípio, busca-se investigar trajetória e finalidade do processo de aquisição da consciência de si mesmo da personagem central. Como aborda Vincent Berloulay e J. Nicholas Entrikin, sujeito e lugar funcionam como duas noções primordiais da experiência humana, ou seja, estão um para o outro. Portanto, objetiva-se compreender esse processo que confere à personagem interpretar seu mundo e de lhe dar sentido, mesmo cercada da heterogeneidade dos fenômenos envolvidos.