Este trabalho expõe um relato de experiência vivenciada no Programa de Extensão Trilhas Potiguares no município de Jardim de Angicos-RN. Caracterizado como um programa que tem por essência a interação entre universidade e comunidade, numa relação de troca e reconhecimento de múltiplos saberes, priorizando o respeito a cultura, as tradições locais e ao saber popular, pensamos em desenvolver atividades que dialogassem com a esfera do corporal e do sensível. Na perspectiva de vivenciar a cultura popular, redescobrir e se identificar, realizamos oficinas de xilogravura, capoeira, coco de roda e filtro dos sonhos, que foram permeados pela proposta metodológica do Jogo da Construção Poética (Machado, 2017) e dos fundamentos da Educação Popular, que pressupõe conhecer os sujeitos, o ambiente e a comunidade em que estão inseridos, para, a partir disso, despertar uma nova relação com a experiência de aprendizagem. Durante uma semana vivenciamos o sensível nas relações sociais em meio a Caatinga na comunidade rural e nas ruas da pequena cidade, onde foram desenvolvidas em conjunto com crianças e adolescentes, oficinas com grande interação, reflexões e diálogos acerca de questões do cotidiano social. Acreditando numa educação que visa a emancipação do individuo, sendo que esta se dá essencialmente nos campos social e político, buscamos em nossas atividades abordagens que prevalecessem o diálogo e o respeito a diversidade, a homofobia e relações étnico-raciais, com o intuito de fomentar a resistência, a autonomia, o empoderamento e a identificação, almejando o respeito as singularidades. Pensando sempre no despertar dos sentidos no corpo e na esfera do sensível com o objetivo de construir reflexões a cerca de suas relações cotidianas, seja na comunidade em que vivem, na escola ou na sociedade em geral, para que se compreendam como sujeitos com poder de transformação da realidade social, como instrumento de autonomia e emancipação. Desse modo, acreditamos que esse trabalho se faz importante por ser desenvolvido a partir de raízes históricas e trabalhar aspectos culturais de maneira lúdica e participativa, levando em consideração o saber do outro envolvido na ação, fortalecendo assim a cultura popular e o respeito às diferenças.